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Estradão cria em Barretos o rodeio mais antigo do país
Palco de festas e montarias, parada de boiadeiros ampliou cultura caipira
Primeira edição ocorreu sob a lona de um circo; 54 anos depois, evento leva 850 mil a complexo erguido nos anos 1980
DO ENVIADO A PARANAÍBA (MS)
O estradão por onde seguiam as comitivas e suas
boiadas no interior do país é
apontado como o "pai" do rodeio brasileiro, por ter originado a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, a mais conhecida do país e que completou 55 anos em 2010.
Até os anos 1950, a cidade,
hoje com 112 mil habitantes,
era conhecida praticamente
só por causa de sua pecuária.
Barretos era uma passagem obrigatória das comitivas que transportavam gado
entre os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, além
de ter um frigorífico desde
1913, o Anglo -pertencente
ao grupo JBS Friboi, um dos
maiores do setor no mundo.
E isso foi essencial para o
surgimento do rodeio e das
festas de peão que hoje proliferam em todo o Brasil. Como
Barretos era ponto de passagem, os peões dormiam e se
alimentavam nos chamados
pontos de pouso, em noites
regadas a música e brincadeiras, como montarias, ainda improvisadas, no gado.
CULTURA CAIPIRA
"Diariamente, vinham de
Mato Grosso do Sul de 1.000
a 1.500 cabeças de gado pelo
estradão. Além da importância econômica, esses peões
trouxeram a cultura caipira
que resultou na festa", afirma Mussa Calil Neto, ex-presidente do clube Os Independentes, entidade que organiza a festa de Barretos.
Foi ele o responsável pela
transferência do evento, nos
anos 1980, do recinto de dois
alqueires -cerca de seis
campos de futebol- na área
urbana para o Parque do
Peão, um grande complexo,
cuja arena foi projetada pelo
arquiteto Oscar Niemeyer.
Essa cultura se disseminou e foi responsável pela
realização, em 1947, de um
rodeio que integrava a programação de uma quermesse
realizada pela prefeitura local -essa foi, de acordo com
Os Independentes, a primeira competição de rodeio da
qual se tem notícia no país.
SOB O CIRCO
Oito anos depois, sob a lona de um circo, foi feita a primeira edição oficial da festa.
"As dificuldades foram
muito grandes no início, mas
hoje não dá para pensar em
Barretos sem a festa do peão
e suas tradições, que tentamos passar aos jovens", afirma José Sebastião Domingos, 82, um dos fundadores
do evento, que na edição deste ano recebeu cerca de 850
mil pessoas em 11 dias.
No Parque do Peão, as memórias do estradão são preservadas no rancho Ponto de
Pouso, que reproduz o cenário montado pelos peões
quando passavam pela cidade com as boiadas, inclusive
com a Queima do Alho -refeição típica dos peões composta por arroz carreteiro,
paçoca de carne, churrasco e
feijão gordo.
(MARCELO TOLEDO)
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