São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Estradão cria em Barretos o rodeio mais antigo do país

Palco de festas e montarias, parada de boiadeiros ampliou cultura caipira

Primeira edição ocorreu sob a lona de um circo; 54 anos depois, evento leva 850 mil a complexo erguido nos anos 1980

DO ENVIADO A PARANAÍBA (MS)

O estradão por onde seguiam as comitivas e suas boiadas no interior do país é apontado como o "pai" do rodeio brasileiro, por ter originado a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, a mais conhecida do país e que completou 55 anos em 2010.
Até os anos 1950, a cidade, hoje com 112 mil habitantes, era conhecida praticamente só por causa de sua pecuária.
Barretos era uma passagem obrigatória das comitivas que transportavam gado entre os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, além de ter um frigorífico desde 1913, o Anglo -pertencente ao grupo JBS Friboi, um dos maiores do setor no mundo.
E isso foi essencial para o surgimento do rodeio e das festas de peão que hoje proliferam em todo o Brasil. Como Barretos era ponto de passagem, os peões dormiam e se alimentavam nos chamados pontos de pouso, em noites regadas a música e brincadeiras, como montarias, ainda improvisadas, no gado.

CULTURA CAIPIRA
"Diariamente, vinham de Mato Grosso do Sul de 1.000 a 1.500 cabeças de gado pelo estradão. Além da importância econômica, esses peões trouxeram a cultura caipira que resultou na festa", afirma Mussa Calil Neto, ex-presidente do clube Os Independentes, entidade que organiza a festa de Barretos.
Foi ele o responsável pela transferência do evento, nos anos 1980, do recinto de dois alqueires -cerca de seis campos de futebol- na área urbana para o Parque do Peão, um grande complexo, cuja arena foi projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
Essa cultura se disseminou e foi responsável pela realização, em 1947, de um rodeio que integrava a programação de uma quermesse realizada pela prefeitura local -essa foi, de acordo com Os Independentes, a primeira competição de rodeio da qual se tem notícia no país.

SOB O CIRCO
Oito anos depois, sob a lona de um circo, foi feita a primeira edição oficial da festa.
"As dificuldades foram muito grandes no início, mas hoje não dá para pensar em Barretos sem a festa do peão e suas tradições, que tentamos passar aos jovens", afirma José Sebastião Domingos, 82, um dos fundadores do evento, que na edição deste ano recebeu cerca de 850 mil pessoas em 11 dias.
No Parque do Peão, as memórias do estradão são preservadas no rancho Ponto de Pouso, que reproduz o cenário montado pelos peões quando passavam pela cidade com as boiadas, inclusive com a Queima do Alho -refeição típica dos peões composta por arroz carreteiro, paçoca de carne, churrasco e feijão gordo. (MARCELO TOLEDO)

Texto Anterior: Trato de animal causa polêmica entre ONG e liga
Próximo Texto: Mortes
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.