São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2010

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"Swing universitário" vira opção de balada na noite paulistana

Jovens trocam casas noturnas convencionais por festas liberais em boates de bairros como Moema, na zona sul

Frequentador veterano acha que modismo só atrapalha porque atrai curiosos; estudante diz que vai "para transar"

LETICIA DE CASTRO
JAMES CIMINO
TALITA BEDINELLI

DE SÃO PAULO

Primeiro foi o forró, depois o sertanejo. Agora, a nova moda entre os universitários de São Paulo são as festas em casas de swing.
Mais por curiosidade que por vontade de experimentar, jovens estudantes estão trocando as casas noturnas convencionais pelas "baladas liberais", que oferecem, para além da pista de dança, cabines e um grande labirinto escuro onde o sexo e a troca de casais rolam soltos.
O fenômeno tem feito tanto sucesso que o Enigma Club, em Moema, instituiu a noite universitária, às quintas-feiras, em que os estudantes pagam meia-entrada. De R$ 74 o casal, para R$ 37 a meia, tudo consumível.
Com RG falsificado, Marina, Flavia e Andressa, 17, debutavam no mundo do suingue na última quinta. Era uma festa de Halloween.
"Vim por curiosidade. A balada é boa, a música é legal, mas não curti muito o clima lá dentro", dizia a "caloura" Flavia -que foi com mais seis amigos, dois veteranos- ao sair do recinto onde acontecem as trocas de casais.
Além do Enigma, Inner Club e Nefertiti, todos em Moema, são os pontos de encontro favoritos dos jovens "swingers" atualmente.

GEMIDOS
Não fossem os mastros de pole dance no meio da pista, o Enigma passaria por uma casa noturna qualquer.
Mas logo se percebe a movimentação defronte a uma porta no fundo da casa, onde um segurança controla a entrada de casais. Homem sozinho não entra, e mulher sozinha também não sai.
O primeiro ambiente tem várias cabines com luzes vermelhas, algumas revestidas com vidro, outras com uma tela de madeira vazada. Mais à frente, um labirinto escuro.
Ouvem-se gemidos, gritos, sons de tapas e avisos esparsos de que "sem camisinha, não" ou "desencosta, que eu não gosto de macho, não".
"Em geral venho com meu amigo e um casal. Mas não trago minha namorada aqui, não. Minha mente não é tão liberal assim", conta o "veterano" Leonardo, 25, que levou cinco "calouras" ao Enigma e que frequenta o meio há cinco anos.
Ele diz não gostar da balada universitária, justamente porque atrai muitos curiosos. "Vi pela cara dessas meninas que trouxe aqui hoje que não ia rolar nada."
Se muitos vão no embalo, há aqueles que experimentam e viram frequentadores. Carla, 21, estudante de engenharia da Faculdade Mauá, é uma dessas. "Venho para transar. Fico na pista só para observar o movimento e ver quem me interessa", diz.

MARKETING
Mário Levi, diretor de marketing de cinco baladas, entre elas o Clube Taboo, no Brooklin (zona sul) e no Guarujá, afirma que o swing está tirando seus clientes.
"O pessoal do swing teve uma sacada de marketing, que é transformar o nome em balada liberal. Isso se tornou uma coisa descolada. E hoje há uma tendência ao imediatismo no mundo todo. As pessoas querem se conhecer e resolver ali mesmo."


Os nomes citados no texto são fictícios


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