ADRIANA SOUZA SILVA
da Reportagem Local

Arrependimento. Essa era a sensação de quem parou de trabalhar ontem ao meio-dia, mas deixou para pegar a estrada rumo ao litoral só no final da tarde.
Por volta das 18h, a lentidão no sistema Anchieta-Imigrantes começava quatro quilômetros antes do pedágio das rodovias e se estendia até o início da serra.
O programador de informática Ramon Pinheiro não esperava um movimento tão intenso para esse horário. Isso porque a família, que foi para o Guarujá no início da tarde, havia ligado para ele informando que o trânsito estaria bom na quinta-feira.
"Achei que a maioria das pessoas já tinha viajado", diz
O promotor de vendas Edson Bueno pôs a culpa no chefe. "Parei de trabalhar na hora do almoço, mas esperei para dar uma carona a ele. Chefe é chefe."
Bueno já previa o caos até a chegada a Itanhaém. Por isso preparou o que ele chamou de seu "kit do trânsito", composto por água, bolachas e um chapéu com orelhas gigantes para garantir o bom humor no carro durante o trajeto.
O comerciante Wilson Chohfi mal tinha passado pela cabine do pedágio e já pensava em desistir. "Estou fazendo esse sacrifício pela minha filha. Mas se a situação não melhorar eu volto com ela."
Ele diz que sua primeira opção para chegar ao Guarujá foi a locação de um helicóptero. Sem conseguir um táxi aéreo disponível até o início da tarde, resolveu viajar de carro. "Deveria ter decidido isso antes", lamentava.
Mas falta de sorte mesmo teve o almoxarife Arnaldo Moreira. De férias desde o dia 26, Moreira só pôde pegar a estrada ontem, pois seu carro quebrou na semana passada e estava no conserto.
"Prefiro não pensar no que passou. É a virada do ano 2000 e tudo vale a pena."


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