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Águas-vivas queimam mais de 250 banhistas
Casos proliferam em Praia Grande; 98% são considerados sem gravidade
Caravelas teriam sido trazidas com massa de água fria que se deslocou para a praia, levadas pelo vento e por correntes marítimas
MARIANA CAMPOS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRAIA GRANDE
Às vésperas do Réveillon, casos de banhistas queimados
por águas-vivas não param de
ocorrer em Praia Grande (86
km de SP), no litoral paulista.
Oficialmente, 254 pessoas
foram atendidas em prontos-socorros da cidade desde quinta-feira, apresentando queimaduras pelo corpo. O número de
vítimas é maior porque, depois
de socorridos, alguns pacientes
deixaram de preencher as fichas no pronto-socorro. Alguns
são atendidos antes de preencher o formulário para evitar
que a dor se prolongue.
Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, a suspeita
era de que a correnteza estivesse levando as águas-vivas em
direção ao litoral norte, mas,
até o fechamento desta edição,
não foram registrados casos em
São Vicente (74 km da capital).
Da noite de quinta-feira até
as 20h de anteontem, 242 casos
foram contabilizados. Ontem,
ao menos 12 pessoas foram
atingidas pelas chamadas caravelas-portuguesas, um tipo de
água-viva colorida.
"A água-viva pegou no meu
braço e deu a volta nas costas",
afirmou Douglas Oliveira Carneiro, 18, que era atendido no
pronto-socorro após ter sido
atingido na praia da Aviação.
Ele chegou a desmaiar na praia.
Douglas estava na praia com
três amigos. "[A água-viva] grudou nele e, quando fomos tentar tirar, grudou em todo mundo", disse Magno Viana, 17. "A
sensação é pior que fogo. Queima por dentro e por fora."
Segundo o médico Adriano
Bechara, secretário-adjunto de
Saúde, 98% dos casos foram
considerados sem gravidade.
"Montamos um esquema especial nos prontos-socorros e todos estão recebendo atendimento. O ideal, com certeza, seria a prevenção. Infelizmente,
isso a gente não teve como fazer, pois foi tudo muito rápido."
O subtenente Marcos dos
Santos, do Corpo de Bombeiros
de Praia Grande, afirmou que a
quantidade de casos foi uma
surpresa. "Não estamos preparados para isso."
Muita gente
O deslocamento de uma
massa de água fria em direção à
praia, pelo vento e correntes
marítimas, pode ter causado o
aparecimento das caravelas.
Para o médico Vidal Haddad
Júnior, do Instituto Butantan
(SP), os tentáculos podem chegar a 30 metros de comprimento e atingir um grande número
de pessoas, já que a praia está
lotada. "Não há caravelas demais. Há gente demais."
"Esses animais são como
uma semente de planta que,
conforme o vento, é levada para
um lugar ou outro. Neste caso,
acabaram vindo para a praia",
diz o oceanógrafo Hugo Gallo,
diretor do Aquário de Ubatuba.
Luiz Alonso Ferreira, diretor-presidente do Museu do
Mar, em Santos, recomenda
que se evite entrar no mar nessas situações. Segundo ele, o
animal tem um veneno muito
tóxico. Em caso de queimadura, os especialistas recomendam lavar com água salgada. A
água doce tem o efeito contrário, aumentando a queimadura.
A bióloga marinha Melisa Sakamoto, da ONG Projeto Caravela, de Caraguatatuba (SP), recomenda também molhar o local queimado com vinagre -o
ácido acético diluído neutraliza
a toxina.
Colaboraram SÍLVIA FREIRE, da Agência Folha, e MARIANA IWAKURA, da Reportagem Local
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