São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

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Polícia apura agressão contra casal gay na praia da Baleia

DA REPORTAGEM LOCAL

Dois rapazes afirmam ter sido agredidos na praia da Baleia, em São Sebastião, por estarem abraçados e andando de mãos dadas. A agressão, dizem eles, ocorreu após terem se recusado a deixar o local -o pedido foi feito por um funcionário da Sabaleia (Sociedade de Amigos da Praia da Baleia).
O caso foi registrado no 2º DP na noite de segunda-feira, como lesão corporal, constrangimento ilegal e injúria.
O casal Ítalo Leandro, 20, e Silas Martí, 24, que é repórter da Folha, disse à polícia ter sido abordado pelo monitor de praia Fábio de Jesus Sousa, 18, por volta das 16h da última segunda-feira. Alegando supostas reclamações de banhistas, Sousa afirmou que o casal não poderia ficar no local.
Houve discussão. Um turista, ainda não identificado pela polícia, chutou o casal. Os dois, então, se dirigiram à sede da Sabaleia, onde discutiram com o coordenador operacional da Sabaleia, José Eduardo Batista Nunes, 41. De volta à praia, que estava lotada, o coordenador agrediu Leandro, segundo o casal. "Ele me deu três socos na boca e eu caí no chão. Depois me chutou duas vezes", disse Leandro.
Nunes disse à Folha que apenas empurrou um dos rapazes, porque teve medo de ser agredido. Ele nega ter tido qualquer atitude preconceituosa em relação ao casal.
Martí e Sousa dizem que, na discussão, Nunes, que estaria acompanhado de sete funcionários, afirmou que as famílias que freqüentam a praia estavam "horrorizadas" com a presença de um casal gay.
Segundo a polícia, Leandro sofreu ferimentos na boca, no tórax, no abdome e nas costas. Na versão registrada no boletim de ocorrência, Nunes alegou que "entrou em luta corporal" contra um dos jovens para não sofrer agressão. Disse também que o casal o teria ameaçado tirar dinheiro dele com um processo.
O funcionário Sousa afirmou que não tem nada contra homossexuais e disse à polícia que abordou "gentilmente" o casal pois eles estavam "se beijando e se abraçando".
O advogado da Sabaleia e de Nunes, Victor Ávila, afirmou que o casal praticava atos libidinosos na praia -versão que não foi confirmada por Sousa e que não consta do BO. O advogado disse ainda que os dois teriam ofendido Nunes com ataques raciais, o que o casal nega.


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