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Polícia apura agressão contra casal gay na praia da Baleia
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois rapazes afirmam ter sido agredidos na praia da Baleia,
em São Sebastião, por estarem
abraçados e andando de mãos
dadas. A agressão, dizem eles,
ocorreu após terem se recusado a deixar o local -o pedido foi
feito por um funcionário da Sabaleia (Sociedade de Amigos da
Praia da Baleia).
O caso foi registrado no 2º
DP na noite de segunda-feira,
como lesão corporal, constrangimento ilegal e injúria.
O casal Ítalo Leandro, 20, e
Silas Martí, 24, que é repórter
da Folha, disse à polícia ter sido abordado pelo monitor de
praia Fábio de Jesus Sousa, 18,
por volta das 16h da última segunda-feira. Alegando supostas reclamações de banhistas,
Sousa afirmou que o casal não
poderia ficar no local.
Houve discussão. Um turista,
ainda não identificado pela polícia, chutou o casal. Os dois,
então, se dirigiram à sede da
Sabaleia, onde discutiram com
o coordenador operacional da
Sabaleia, José Eduardo Batista
Nunes, 41. De volta à praia, que
estava lotada, o coordenador
agrediu Leandro, segundo o casal. "Ele me deu três socos na
boca e eu caí no chão. Depois
me chutou duas vezes", disse
Leandro.
Nunes disse à Folha que
apenas empurrou um dos rapazes, porque teve medo de ser
agredido. Ele nega ter tido
qualquer atitude preconceituosa em relação ao casal.
Martí e Sousa dizem que, na
discussão, Nunes, que estaria
acompanhado de sete funcionários, afirmou que as famílias
que freqüentam a praia estavam "horrorizadas" com a presença de um casal gay.
Segundo a polícia, Leandro
sofreu ferimentos na boca, no
tórax, no abdome e nas costas.
Na versão registrada no boletim de ocorrência, Nunes alegou que "entrou em luta corporal" contra um dos jovens para
não sofrer agressão. Disse também que o casal o teria ameaçado tirar dinheiro dele com um
processo.
O funcionário Sousa afirmou
que não tem nada contra homossexuais e disse à polícia
que abordou "gentilmente" o
casal pois eles estavam "se beijando e se abraçando".
O advogado da Sabaleia e de
Nunes, Victor Ávila, afirmou
que o casal praticava atos libidinosos na praia -versão que
não foi confirmada por Sousa e
que não consta do BO. O advogado disse ainda que os dois teriam ofendido Nunes com ataques raciais, o que o casal nega.
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