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Após confrontos, PM do Rio desocupa o Museu do Índio

Retirada começou na madrugada; manifestantes foram dispersados com gás lacrimogêneo e spray de pimenta

À tarde, houve novos protestos contra a operação; local será reformado para abrigar o Museu Olímpico

FÁBIO SEIXAS DO RIO

De um lado do muro havia índios e ativistas. Do outro lado, 200 policiais. No canteiro central da avenida Radial Oeste, mais manifestantes, jornalistas, militantes do MST, estudantes, um pastor, um frade, um sorveteiro e um vendedor de termômetros.

Acabou em confusão, violência, atropelamento, bombas, tiros para o alto, início de incêndio, spray de pimenta, gás lacrimogêneo.

"Estávamos fazendo nosso ritual de despedida, nosso último canto, quando entraram. Não deixaram a gente terminar", dizia, indignado, Kaiar Waiwai, 23, um dos despejados da Aldeia Maracanã.

Com 200 homens do Batalhão de Choque, do Bope e do 4º Batalhão da Polícia Militar, o governo do Estado do Rio retomou a posse do antigo Museu do Índio, desde 2006 ocupado por indígenas.

À tarde, em nova manifestação, cerca de 300 pessoas entraram em confronto com a polícia em frente à Assembleia Legislativa e atiraram cocos contra os agentes, que usaram armas de choque.

MUSEU OLÍMPICO

O governador Sérgio Cabral pretendia demolir o imóvel para usar como estacionamento para o estádio do Maracanã, uma das sedes da Copa de 2014. Depois de longa disputa jurídica, desistiu da demolição, mas não da desocupação. O lugar vai abrigar o Museu Olímpico.

Desde a manhã de anteontem havia uma ordem de reintegração de posse emitida pela 8ª Vara Federal do Rio. Às 3h de ontem, 60 homens ocuparam calçadas e dispersaram manifestantes.

Pela internet, ativistas convocavam gente para engrossar suas fileiras. "Foi pelo Facebook. Fiquei sabendo que o Choque vinha pra cá e resolvi vir ajudar o pessoal", contou a estudante Juliane Lima, 18, que pintava cartazes com palavras contra Cabral.

Com o único portão trancado, as tratativas aconteciam em cima do muro. Por alguns instantes, um bebê foi colocado sobre essa improvisada mesa de negociações, acompanhado de um cartaz: "Não passarão".

Entre os negociadores, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), o vereador Zico (PTB) e o o defensor público federal Daniel Macedo.

Os ânimos foram ficando exaltados. Mônica Bello, 25, atriz, foi detida. O advogado Arão Guajajara, irmão de um dos líderes da aldeia, também foi preso. Sarah Winter, líder do grupo Femen Brasil, tirou a camiseta e se jogou diante de um carro. Foi atropelada, levantou gritando "assassinos, assassinos", e foi presa.

Pouco depois das 11h os índios concordaram em mandar crianças, mulheres e idosos para hotel oferecido pelo governo. Em seguida, atearam fogo em uma oca.

O local foi invadido às 11h48, e os índios foram colocados em vans. Segundo a PM, havia 50 pessoas na aldeia, entre índios e ativistas.

"Fomos ao limite das negociações, mas o fogo se alastrou", disse o coronel Frederico Caldas. Ontem, os índios visitaram três locais oferecidos pelo governo. Até a conclusão desta edição ainda não havia uma decisão.


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