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Cota não garante aluno de escola pública em vestibular

Universidades estaduais e federais têm queda no número de vestibulandos

Egressos de escolas do Estado ou municipais ainda são minoria nos vestibulares das faculdades públicas

ÉRICA FRAGA DE SÃO PAULO

A falta de aulas de geografia no último ano do ensino médio fez com que Monique dos Santos Pires, 21, desistisse de vez do vestibular para as universidades públicas.

"Não tinha como competir com aluno de escola privada", afirma ela, que trabalha e estuda administração na instituição particular FMU.

A situação de Monique ajuda a explicar por que o número de alunos da rede pública nos vestibulares de importantes instituições gratuitas do país caiu ou mudou pouco nos últimos anos, apesar de políticas de bônus e cotas.

Entre dez universidades que enviaram dados à Folha, USP e Unicamp (São Paulo), UERJ (Rio de Janeiro) e UFMG (Minas Gerais) registraram queda no percentual de vestibulandos formados na rede pública de ensino.

Em outras três universidades, a fatia se alterou pouco (veja quadro na pág. C4).

Os alunos das públicas ainda são minoria na maior parte dos vestibulares das instituições públicas, embora representem 85% dos que concluem o ensino médio no país, percentual que aumentou na última década.

As universidades federais de Santa Catarina (UFSC) e do Rio Grande do Sul (UFRGS) estão entre as que tiveram aumento de alunos das escolas públicas em seus vestibulares.

Ainda assim, Júlio Felipe Szeremeta, presidente da comissão de vestibular da UFSC, diz que "não houve o boom esperado". Em 2012, o percentual de vestibulandos de escolas públicas atingiu 37,5% na UFSC. "Imaginávamos que o percentual de vestibulandos de escola pública já teria chegado a 50%."

Já na Universidade Federal da Bahia (UFBA) houve queda no número de inscritos no vestibular saídos de escolas públicas após a adoção do regime de cotas em 2005. A tendência só foi revertida a partir de 2010, depois de um aumento no número de cursos noturnos de 1 para 33.

Para especialistas, a maior oferta de bolsas do governo também tem influenciado a decisão de muitos alunos.

"O ProUni [Programa Universidade para Todos] atraiu muitos egressos de escolas públicas para as faculdades privadas", diz Alexandre Oliveira, sócio da Meritt, empresa de consultoria em educação.

A falta de informação é outro fator mencionado:

"A USP não é uma aspiração para muitos da rede pública. Há os que não tentam porque acham que não têm chance e os que desconhecem o benefício", diz Mauro Bertotti, assessor do conselho de graduação da USP.

Monique conta que não tinha ouvido falar sobre as políticas de cotas e bônus.

Embora muitas instituições já tivessem adotado ações afirmativas, as federais foram obrigadas a ter cotas a partir deste ano para quem fez o ensino médio em escola pública (com recortes por renda e cor da pele).


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