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Dedo de silicone de R$ 50 engana leitor de digitais

Equipamento biométrico pode ser burlado com relativa facilidade

Receita 'caseira' pode furar sistema usado para marcar ponto em empresas; fabricantes admitem o problema

PEDRO IVO TOMÉ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Basta colocar a ponta do dedo em um leitor óptico para a porta do apartamento se abrir, os arquivos do computador serem acessados e o relógio de ponto da empresa ou a catraca da faculdade dispensar o crachá ou qualquer outro tipo de identificação.

Desde o mês passado, no entanto, a segurança dessa tecnologia, chamada de leitura biométrica, foi posta em xeque quando uma médica foi flagrada burlando o registro eletrônico de seu trabalho.

Ela marcava o ponto para colegas usando dedos de silicone num posto médico de Ferraz de Vasconcelos, região metropolitana de São Paulo.

Leitores ópticos que reconhecem impressões digitais custam em média R$ 200 nos modelos mais simples.

Um dedo de silicone pode custar um quarto disso. A Folha testou uma prótese que custou cerca de R$ 50, cuja fabricação foi baseada em poucos materiais e seguiu as dicas de um especialista.

O "dedo artesanal" foi testado com sucesso em uma catraca que utiliza a leitura de digitais para controlar o fluxo de funcionários. A prótese demorou pouco mais de duas horas para ficar pronta.

Procurados pela Folha, fabricantes da tecnologia e especialistas no assunto reconhecem o problema.

Klauber de Oliveira Santos, diretor de produtos da Dimep, fabricante do aparelho, diz que toda tecnologia para segurança está sujeita a fraudes.

Para ele, a relação custo-benefício na compra de um determinado tipo de sistema de identificação e a adequação ao local de uso são fatores determinantes para a escolha do produto.

"Reconhecimento por íris é muito caro para os clientes, muito desajeitado. Esse não adianta fazer um olho de vidro. Mas tem o problema da variação de altura [para relógios de ponto]", diz.

O consultor em segurança empresarial Carlos Alberto Antônio Caruso concorda. "É possível burlar essa tecnologia, assim como outras. Todas têm vantagens e desvantagens", afirma.

Ele afirma que a leitura biométrica é mais eficiente que o cartão de proximidade, normalmente utilizado pelas empresas. "O cartão pode ser perdido, emprestado. O biométrico é mais seguro."

MERCADO

A indústria de sistemas eletrônicos de segurança movimentou no Brasil, em 2012, R$ 4,2 bilhões, com crescimento de 9% em comparação ao ano anterior.

Nos últimos dez anos, o segmento cresceu a taxas médias de 11% ao ano.

O dado é da Abese (Associação Brasileira de Empresas de Sistema Eletrônico de Segurança) e inclui vários ramos do segmento, como sistemas de alarme, mecanismos de detecção de metais e dispositivos de identificação de pessoas por biometria.

No mundo, o mercado para sistemas de identificação de digitais moveu R$ 10 bilhões no ano passado, sendo que a expectativa para 2015 é que esse valor dobre, de acordo com estudo da Biometrics Research Group, empresa canadense de consultoria, especializada na área.

Apesar das cifras significativas, a falta de regulamentação na área de segurança privada é um problema para esse mercado, diz Selma Migliori, presidente da Abese.

De acordo com ele, o consumidor deve estar alerta para as características do leitor óptico. "Alguns leitores leem até as veias, o que ajuda na segurança", afirma.

Mas a diferença no preço é grande: enquanto um leitor comum custa cerca de R$ 200, um com reconhecimento de temperatura e de variação de cor do dedo devido à pressão fica entre R$ 500 e R$ 600.


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