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Pais ocupados alavancam procura por curso extra

Medo de violência é outro fator que leva a busca por atividades para os filhos

Para especialista em psicologia da educação, cursos demais podem resultar em sobrecarga dos alunos desde cedo

DE SÃO PAULO

As famílias estão mais ocupadas e as cidades são ambientes violentos. De acordo com especialistas ouvidos pela Folha, os dois fatores, juntos, têm motivado a procura dos pais por atividades extracurriculares para seus filhos.

Não há dados sobre quantas escolas paulistas oferecem as atividades extras. Cada instituição tem autonomia para oferecer os cursos e até para terceirizar as atividades.

O que se sabe é que a demanda é grande.

No Colégio Humboldt, em Interlagos, pelo menos dois terços dos 1.243 alunos permanecem na escola à tarde para fazer cursos adicionais como circo, economia, mandarim e até iatismo --que é feito no Yatch Clube, perto da escola, na represa de Gurapiranga.

A questão é que com pai e mãe trabalhando fora, quanto mais tempo a criança passar na escola, melhor para a organização da família.

"As atividades extras são uma tendência cada vez mais comum no ensino particular, inclusive em escolas privadas da periferia", explica Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo).

De acordo com ele, a moda começou em meados de 1990 e ganhou mais intensidade na última década.

Agora, afirma, com as novas regras trabalhistas para as empregadas domésticas, a procura pelas atividades extras deve crescer ainda mais.

Além da organização familiar, há a questão da falta de segurança nas cidades.

"Hoje em dias as crianças não podem mais andar livremente e brincar na rua. As cidades estão violentas e os pais se preocupam com isso", explica Everton Augustin, diretor geral do Humboldt.

De acordo com ele, atividades extras são comuns também na Europa. "Na escola, o estudante está em um ambiente organizado, controlado. Os pais se sentem mais tranquilos", diz Augustin.

SOBRECARGA

O problema é que, se excessivas, as atividades extras podem sobrecarregar os pequenos e os adolescentes.

"Ficar mais tempo na escola pode ser positivo. Mas o aluno também precisa de tempo livre para brincar e escolher o que quer fazer", analisa a psicóloga da PUC-SP Mariangela Barbato Carneiro, especialista em educação.

De acordo com ela, a preocupação dos pais com a inserção rápida dos filhos no mercado de trabalho também tem estimulado a procura por cursos extras desde cedo.

"Isso pode trazer muita pressão para as crianças. Elas podem ficar sobrecarregadas e deixarão de aproveitar a infância, que só acontece uma vez na vida", diz Carneiro.

Mas, afinal, é possível ter uma infância saudável em um ambiente urbano com os dois pais trabalhando fora? A resposta, segundo a psicóloga, é positiva.

"As escolas podem manter os alunos à tarde, permitindo que eles escolham se querem estudar, fazer tarefa, brincar ou fazer esportes."

Para Silva, do Sieeesp, o ensino integral é uma tendência mundial e deve chegar inclusive ao ensino público. "No Brasil, o ensino particular sempre sai na frente."


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