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Troca-troca em Congonhas

Mudanças sucessivas de portão irritam passageiros; trocas acontecem em um a cada cinco voos do aeroporto paulistano

RICARDO GALLO DE SÃO PAULO

Se houvesse um ranking das coisas que mais irritam os passageiros em Congonhas, um item possivelmente surgiria entre os favoritos: a mudança do portão de embarque "devido ao reposicionamento de aeronave".

Pois esse fenômeno, tão característico de Congonhas, aconteceu 124 vezes por dia em março, ou uma vez a cada cinco voos. Os dados são da Infraero, que administra o aeroporto, e foram fornecidos via Lei de Acesso à Informação.

Anunciado nos alto-falantes, o eufemismo "reposicionamento de aeronave" obriga passageiros a andar até 500 m, a maior distância de um portão a outro.

A troca mais comum ocorre quando os passageiros têm de sair das pontes de embarque ("fingers", que dão acesso direto ao aeronave) para descer as escadas rolantes até um portão "remoto", que exige ônibus para ir até o avião.

Com o chef Carlos Bertolazzi, 43, do Zena Caffè, foi na semana passada, ao pegar um voo da Gol entre Congonhas e Curitiba. "A mudança de portão nem é o que me estressa. O que me incomoda é pegar o ônibus, em vez de entrar no avião direto", diz.

Nas redes sociais, a mudança de portão é alvo recorrente da ira de anônimos e famosos, como o cantor Nando Reis.

A troca acontece por três razões: primeiro, pela infraestrutura apertada --há 12 pontes de embarque, insuficiente para todos os voos.

Depois, por voos que atrasam para sair ou chegar, seja por tempo ruim, por excesso de tráfego aéreo ou por ineficiência das empresas.

Um avião ocupa uma ponte de embarque por meia hora --do pouso até a decolagem para o destino seguinte. Então, outro ocupa a vaga.

Se o voo demora a partir, o avião que iria para aquela vaga vai para outra, geralmente na posição "remota" (aquela que dependerá do ônibus). Por sua vez, se a chegada atrasa, o voo perde o lugar.

Por fim, a característica de Congonhas contribui: alta rotatividade no uso das vagas em pouco tempo. Em Cumbica (Guarulhos), por exemplo, isso não ocorre tanto.

Para os passageiros, a má notícia é que as trocas de portão continuarão a existir. Solução haveria com a ampliação de pontes de embarque, o que não está nos planos.

No cenário atual, qualquer mudança traria mais prejuízos que vantagens, diz Anderson Correia, especialista em aeroportos. "Se a empresa aérea exigir que não haja mais troca de portão, ou haverá mais atrasos ou terá que se reduzir o número de voos."

TAM e Gol, com 94% dos voos em Congonhas, disseram que quem determina as mudanças de portão é a Infraero. A estatal diz que as decisões são compartilhadas. A Avianca não se manifestou.


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