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País em protesto

Passe Livre prega 'expropriação' do transporte coletivo

Movimento se diz apartidário, mas não antipartidário, e dá apoio a grupos de sem-teto e rádios comunitárias

Integrantes veem a 'Revolta da Catraca' de Florianópolis, em 2004, como marco do 'processo histórico'

FABIANO MAISONNAVE DE SÃO PAULO

Organizado nacionalmente desde 2005, o Movimento Passe Livre se define como "apartidário, mas não antipartidário". Defende a "expropriação do transporte coletivo" sem indenização e apoia "movimentos revolucionários que contestam a ordem vigente".

Essas diretrizes constam da Carta de Princípios, documento aprovado em paralelo ao 5º Fórum Social Mundial, ocorrido em janeiro de 2005, em Porto Alegre (RS).

A única modificação feita desde então foi aumentar o objetivo do movimento: de passe livre estudantil para passe livre "irrestrito".

De hierarquia "horizontal", o MPL evita lideranças individuais. Os documentos, aprovados são assinados apenas pelo movimento.

Outra orientação é ser "ser cauteloso" com a "mídia corporativa", pois é ligada "às oligarquias do transporte e do poder público".

Sobre as "perspectivas estratégicas", o MPL diz que não tem "fim em si mesmo". A meta é "fomentar a discussão sobre aspectos urbanos como crescimento desordenado das metrópoles, especulação imobiliária e a relação entre drogas, violência e desigualdade social".

Além de São Paulo, o MPL, formado principalmente por universitários, está organizado pelo menos em outras seis cidades brasileiras, incluindo as capitais Brasília, Vitória, Florianópolis e Goiânia.

"Trata-se, em certo sentido, de algo, se não inédito, ao menos relativamente novo no âmbito das lutas urbanas das últimas décadas", afirma o geógrafo Marcelo Lopes de Souza, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e simpatizante do MPL.

"O predomínio sempre foi de formas de organização vertical e mais ou menos centralizada", completou.

GUERRA DA CATRACA

Um dos integrantes do MPL em São Paulo, Caio Martins, 19, afirma que o movimento tem inspiração anarquista e autônoma e é resultado de um "processo histórico" iniciado em Florianópolis, em 2004, na "Revolta da Catraca".

Naquela época, protestos de estudantes catarinenses ao longo de três semanas levaram a Justiça a derrubar um aumento por liminar.

A estratégia foi semelhante ao que vem ocorrendo: participação majoritária de estudantes, bloqueios de vias e episódios violentos, incluindo a queima de três ônibus.

Na época, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) entrou na Justiça pedindo a suspensão do reajuste de 15,6%. A justificativa foi de que os protestos "instalaram em Florianópolis um verdadeiro caos". Mas a OAB via como "justa a revolta em decorrência dos exorbitantes preços".

Em São Paulo, as primeiras manifestações organizadas pelo MPL foram em novembro de 2006. Houve confrontos com a polícia quando ativistas forçaram portas de ônibus --foram repelidos com bombas de efeito moral.

Em 30 de novembro daquele ano, quando a tarifa subiu de R$ 2 para R$ 2,30, cerca de 1.200 pessoas se reuniram diante do Theatro Municipal.

Além da diferença de tamanho, a manifestação de 2006 trazia bandeiras dos partidos de esquerda PSTU e PSOL, o que não foi tolerado nos protestos mais recentes.

Martins afirma que a decisão de proibir bandeiras de partidos não veio do MPL, mas dos manifestantes que aderiram. Ele diz que o movimento não proíbe a filiação, mas que há "pouquíssimos" militantes ligados a partidos.

Sobre a articulação com outros movimentos, o estudante diz que o MPL apoia organizações como o Fórum Popular de Saúde, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e o MNRC (Movimento Nacional das Rádios Comunitárias).


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