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Opinião Reforma do Aeroporto de Guarulhos

Arquitetura é o que menos importa na obra

Os melhores aeroportos do mundo têm ligação por metrô ou trem, guichês em quantidade generosa e internet

RAUL JUSTE LORES DE WASHINGTON

A mesma empresa que fez a estação Pinheiros da linha amarela do metrô, Engecorps, é a responsável pelo novo terminal de Cumbica.

Se as novas estações de metrô paulistano são um fracasso de circulação e de estética, será que houve tempo hábil para acertarem em Cumbica?

Não dá para acreditar apenas em boas imagens de maquetes. Nem houve concurso de arquitetura para a obra e não se sabe como se deu a escolha. Sabe-se, porém, que havia um projeto pronto, do escritório paulistano Biselli+ Katchborian, que foi engavetado --custou R$ 22 milhões à Infraero, ou seja, a nós.

Quem quiser ver o currículo visual das obras da Engecorps vai ter dificuldades, pois as fotos no site da própria empresa são minúsculas e não podem ser ampliadas. Não parecem ser do ramo.

Uma oportunidade bilionária --estimada em R$ 3 bilhões por todo o complexo aeroportuário --desperdiçada.

Os arquitetos até quiseram citar o terminal 3 de Madri como inspiração, mas não há nem sinal das maiores ousadias da obra de Richard Rogers na Espanha: o uso radical de bambu na cobertura ou as cores do arco-íris entre as hastes inclinadas de ferro.

Os melhores aeroportos do mundo --Cingapura, Seul e Hong Kong-- têm ligação direta por metrô ou trem dos terminais às áreas centrais das cidades; esteiras e guichês em quantidade generosa; spas, playgrounds, parques e hotéis internos para facilitar a vida de quem não pode sair dali; internet gratuita e uma arquitetura de boas-vindas.

Aeroportos não são apenas importantes para seus usuários. São o cartão de visitas para turistas e investidores, que podem melhorar a vida dos brasileiros que ainda não utilizam os terminais.

Uma experiência ruim pode mandar de volta um empresário ou um viajante repetindo pelo mundo que o Brasil não funciona.

Mas a privatização de última hora do governo federal não deu tempo para sutilezas. Quem se importa com arquitetura?


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