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Antônio Vicente de Souza (1934-2013)

Tonico, que tinha que ser prefeito

ESTÊVÃO BERTONI DE SÃO PAULO

No dia em que Antônio Vicente de Souza, o Tonico, ganhou o primeiro salário aos sete anos, trabalhando na colheita do algodão, voltou para casa sem nenhum centavo.

Não perdera o dinheiro nem fora assaltado. Deixara tudo com um morador de rua que estava com fome. Segundo a família, a vida inteira seria assim: ajudaria outras pessoas.

Nascido em Orlândia (SP), perdeu o pai cedo e cresceu em Ribeirão Preto, onde foi mecânico. Na casa dos 20, mudou-se para Pederneiras (SP).

Lá, trabalhou numa oficina até abrir a própria, que cresceria com o tempo. Ficou conhecido na cidade como o Souza da Recondicionadora.

Era tão querido que até a sogra dizia: "A fôrma que fez o Tonico, Deus usou e jogou fora". Ajudou a pagar a faculdade de um amigo, hoje advogado. Para outro, comprou um terreno e deu uma força na construção da casa. Aos garçons dava gordas gorjetas.

A filha Yara lembra que, quando alguém fazia aniversário, o pai mandava picanha e caixas de cerveja para a festa.

Para ele mesmo sobrava pouco. Por isso, a mulher dizia: "Tonico, você não é bom, é bobo". Entre os amigos, ouvia-se: "Tonico tem que ser prefeito". Não quis saber de política. Mas presidiu dois clubes.

Gostava de futebol (torcia para o Comercial), de samba (adorava Ataulfo Alves e Jamelão) e de dançar com a mulher. Frasista, quando lhe perguntavam se não ia falar nada, respondia: "Eu não, não dá lucro".

Sofria de Parkinson e descobrira um câncer de garganta.

Viúvo desde março, morreu na segunda (22), aos 79, de falência de órgãos. Teve três filhas e seis netos. Seu velório estava cheio, segundo a família.


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