Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Siemens agora admite devolver dinheiro de licitações do metrô
Multinacional que denuncia cartel em contratos discute com promotores acordo para ressarcir cofres públicos
Empresa de origem alemã admite a devolução caso autoridades apontem valor superfaturado
Em reunião com promotores de Justiça na semana passada, a multinacional Siemens admitiu devolver aos cofres públicos parte do valor que teria sido superfaturado no fornecimento de equipamentos de trens e metrô ao governo de São Paulo.
Segundo o Ministério Público estadual, o acordo para ressarcimento foi discutido na semana passada em reunião com cinco promotores e quatro advogadas da empresa.
Há duas semanas, a Folha revelou que a Siemens delatara às autoridades antitruste brasileiras a existência de um cartel --do qual fazia parte-- em licitações para compra de equipamento ferroviário e construção e manutenção de linhas de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal.
Segundo a Folha apurou, o esquema delatado envolve subsidiárias de multinacionais como a francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui. O conluio, segundo a apuração, inclui outras sete empresas: TTrans, Tejofran, MGE, TCBR Tecnologia, Temoinsa, Iesa e Serveng-Civilsan.
Essas combinações ilícitas entre empresas podem aumentar em 20% os preços aplicados, segundo estimativas. Mas o cálculo do que foi superavaliado dependerá ainda de um levantamento de contratos assinados pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e pelo Metrô de São Paulo.
Na semana passada, o Ministério Público solicitou à CPTM e ao Metrô a lista de contratos com todas as empresas apontadas pela Siemens como integrantes do cartel.
A Siemens estaria sujeita a sanções bem mais pesadas não fosse a delação. Ao entregar o esquema, ela assinou um acordo de leniência que pode garantir à companhia e a seus executivos imunidade administrativa e criminal.
Confirmado e condenado o cartel, as empresas ficam sujeitas à multa que pode chegar a 20% do faturamento bruto no ano anterior à abertura de processo --o que poderia chegar a R$ 1 bilhão no caso da Siemens, segundo cálculos de autoridades.
OUTRO LADO
A Siemens afirma que "coopera integralmente com as autoridades" e que desde 2007 "tem feito grandes esforços" para desenvolver um novo e eficaz sistema que sensibilize "os funcionários no que diz respeito a questões antitruste".
A empresa afirma que enfatiza a importância de uma concorrência leal. As demais empresas dizem colaborar com as investigações.