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Construção irregular desaba, mata pelo menos 8 e fere 26

Obra na zona leste não tinha alvará e foi multada 2 vezes pela prefeitura neste ano

À noite, bombeiros ainda procuravam por 3 vítimas nos escombros; Haddad diz que 'tudo estava errado' na obra

DE SÃO PAULO

Ao menos oito pessoas morreram e 26 ficaram feridas no desabamento de um prédio em construção em São Mateus, na zona leste. O edifício de dois pavimentos, que deveria abrigar uma loja de roupas, não tinha alvará para a realização da obra.

O desabamento ocorreu por volta das 8h30 de ontem na av. Mateo Bei, assustou vizinhos, provocou a interdição de imóveis e alterou linhas de ônibus na região. Segundo o Corpo de Bombeiros, cerca de 35 pessoas estavam no local.

Ao todo, 200 pessoas (bombeiros, Polícia Militar e Defesa Civil) participaram do resgate, que já durava mais de 15 horas no final da noite e deveria continuar de madrugada. Os bombeiros procuravam por três operários nos escombros.

Torres de iluminação, retroescavadoras e sete cães farejadores foram utilizados. Às 23h40, os bombeiros começaram a usar um aparelho de detecção na busca das vítimas.

Os feridos foram levados para hospitais da zona leste. O Santa Marcelina, em Itaquera, recebeu sete pessoas, duas em estado grave: Ralisson Teixeira da Silva, 22, e Francisco Diego Borges, 25.

Os dois trabalhavam na obra. Francisco sofreu traumatismo craniano e Ralisson teve o pé amputado e fraturas no corpo, segundo familiares.

A obra foi multada duas vezes neste ano. Em 13 de março, a Subprefeitura de São Mateus intimou e multou o proprietário do prédio, Mostafa Abdallah Mostafa, em R$ 1.159 por falta de documentação.

No dia 25 do mesmo mês, a subprefeitura emitiu outra multa, no valor de R$ 103.500, e embargou a obra.

No dia 10 de abril, os engenheiros responsáveis apresentaram o pedido de alvará para nova edificação. Porém, não pediram o alvará de execução.

Segundo a prefeitura, a obra não poderia ter começado sem esse alvará.

Segundo Edilson Carlos dos Santos, advogado de Mostafa, a construção foi entregue em julho para a loja Torra Torra. O imóvel seria uma nova unidade da rede, que vende roupas populares.

Em nota, a Torra Torra informou que "havia um contrato de locação do prédio, no entanto, a rede somente assumiria finalizadas as obras estruturais, pelo proprietário".

O advogado de Mostafa diz que a Salvatta Engenharia, contratada pela Torra Torra, fez escavações no terreno.

A versão é confirmada por funcionários da obra ouvidos pela Folha, que dizem que a construção tinha problemas estruturais e que estava sendo feito o reforço das fundações.

O capitão dos bombeiros Marcos Palumbo, diz que um dos sobreviventes, Rubens Moreno Feitosa, 24, --resgatado com o auxílio de um celular-- voltou ao local do acidente e confirmou que a estrutura estava sendo reforçada.

Em nota, Torra Torra e Salvatta negam qualquer intervenção na estrutura da obra.

O prefeito Fernando Haddad (PT) disse que "tudo estava errado" na construção. "A prefeitura avalia aspectos formais da obra, se está de acordo com a legislação da cidade. Nem isso foi observado [pelo proprietário] nesse caso específico", afirmou

RECONHECIMENTO

Após o desabamento, familiares dos mortos começaram a chegar ao IML, em Pinheiros, na zona oeste. Entre eles, Francisco Silvano, 26, que trabalhava na obra e conseguiu escapar. Seu irmão, Antônio Carlos Carneiro Muniz, é uma das vítimas. Ele e outro irmão, que foram ao IML, não fizeram o reconhecimento do corpo pois não tinham como levá-lo para o Maranhão, onde vive a família.


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