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Obra tinha um andar a mais que o previsto

Planta de prédio que desabou na zona leste de São Paulo previa imóvel térreo, mas ele foi erguido com piso adicional

Funcionário disse à polícia que, três dias antes de acidente, engenheiros mandaram paralisar construção

DE SÃO PAULO

O prédio em construção que desabou na zona leste de São Paulo tinha um pavimento a mais do que a planta da obra entregue à prefeitura.

O desabamento ocorrido anteontem em São Mateus deixou ao menos oito mortos e 26 feridos. Ontem à noite, dois operários continuavam desaparecidos --e eram procurados nos escombros.

As plantas do projeto, que abrigaria no futuro uma loja de roupas populares, indicavam um imóvel térreo, mas um primeiro andar foi acrescentado ao imóvel.

De acordo com técnicos, sobrepeso decorrente do piso extra pode ter levado ao colapso da estrutura.

A obra não tinha autorização da prefeitura --e havia sido embargada em março.

Um mês depois, os responsáveis pela obra entregaram à prefeitura um primeiro projeto --que correspondia à construção de três salas comerciais, todas no térreo.

Ele foi indeferido, e um novo foi apresentado em junho, também sem piso a mais.

RESPONSÁVEIS

Quem assina os projetos e a responsabilidade técnica pela obra é a arquiteta Rosana Januário Ignácio. Procurada pela Folha, ela desligou o telefone assim que a reportagem se identificou; depois, não atendeu mais as ligações.

O nome do dono do imóvel, Mostafa Abdallah Mustafa, também consta no projeto. O advogado dele disse que não teve acesso aos papéis.

Após a construção, a área seria alugada para abrigar uma unidade do Magazine Torra Torra, fundado em 1992 e que tem 37 lojas no Estado.

Há pelo menos um mês, a Salvatta Engenharia assumiu a obra que era de responsabilidade do dono do terreno.

A empresa foi contratada pelo Torra Torra para avaliar as condições do prédio erguido e fazer acabamentos.

Segundo a prefeitura, a Salvatta também errou --por não ter pedido autorização para fazer obra complementar. Há a suspeita de que a empresa tenha feito intervenção para construir elevadores e escada rolante, sem ter havido um pedido prévio.

A polícia abriu inquérito para investigar o caso.

Em depoimento na investigações, o eletricista Reginaldo Caetano dos Santos disse que no sábado, três dias antes do desabamento, houve determinação de engenheiros e arquitetos da Salvatta para parar a obra.

Santos disse que a ordem foi dada após ser constatado que a estrutura não suportava o peso, o que exigiria reforço. Preocupado, ele comentou que "iria rezar".

TIJOLOS

Segundo Antonio Walisson, servente de pedreiro da obra, havia no primeiro andar cerca de 500 tijolos e toras de eucalipto estocadas. A orientação foi para os funcionários retirarem o material.

Não se sabe, entretanto, por que a obra continuou na segunda e na terça.

Walisson disse que ajudou a levantar paredes divisórias no andar superior.

Também à polícia, o pintor Gleisson Feitosa disse que esperava material para reforçar a obra quando tudo ruiu. Ele ficou preso nos escombros e teve escoriações.


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