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Dilma critica 'preconceito' contra cubanos
Lula classifica como "abominável" a atitude dos médicos brasileiros em protesto no Ceará, na segunda-feira
Justiça Federal em Minas negou pedido do CRM-MG de ser desobrigado de fornecer registro provisório
A presidente Dilma Rousseff disse ontem que os médicos cubanos recém-chegados ao Brasil para participar do programa federal Mais Médicos são vítimas de um "imenso preconceito".
"Os médicos cubanos têm estatuto próprio", disse ela, acrescentando que, segundo a Opas (braço da Organização Mundial da Saúde para as Américas), uma parte do salário eles receberão no Brasil e o valor que recebiam em Cuba continuará sendo pago às famílias deles, lá.
"Então, a forma de pagamento dos médicos cubanos é diferente das demais", disse a presidente, sem entrar em detalhes sobre o governo cubano ficar com uma parte.
As declarações foram dadas de manhã, em entrevista a duas emissoras de rádio de Belo Horizonte (MG). Dilma foi questionada sobre uma eventual revisão do convênio com os médicos cubanos e a busca de garantia para que eles fiquem com o salário --e não o governo cubano.
À noite, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como "abominável" a atitude dos médicos brasileiros que protestaram contra os profissionais cubanos na segunda-feira, no Ceará. Os cubanos foram vaiados e chamados de "escravos".
"A gente está contratando esses médicos para ir aos lugares onde os médicos brasileiros não querem ir", disse o petista, durante a festa de 30 anos da CUT, em São Bernardo do Campo (SP).
Anteontem, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) também defendeu os estrangeiros. "Lamento a postura de alguns profissionais, um grupo isolado que tem atitudes truculentas, incita preconceito e a xenofobia", disse ele.
O Simec (Sindicato dos Médicos do Ceará), que liderou o protesto de segunda-feira, defendeu ontem uma greve nacional da categoria contra o programa Mais Médicos.
A proposta foi discutida em assembleia que reuniu cerca de cem pessoas.
JUSTIÇA
A Justiça Federal em Minas Gerais indeferiu o pedido de tutela antecipada (decisão provisória) feito pela seção mineira do Conselho Regional de Medicina para que ficasse desobrigada de fornecer o registro provisório aos médicos estrangeiros.
Com isso, o CRM-MG terá de fornecer o registro provisório até o julgamento final da Ação Civil Pública.
"O órgão [...] pretende instaurar uma verdadeira batalha' visando a preservação de uma reserva de mercado", escreveu o juiz João Batista Ribeiro, em sua decisão.
"As vítimas, lamentavelmente, são os doentes e usuários dos órgãos do sistema público de saúde", diz o texto.