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O futuro do Tietê

Marginal subterrânea, passarelas com ciclovia e parque linear ao longo de rio são alguns dos planos para o Arco Tietê

MARIO CESAR CARVALHO DE SÃO PAULO

Trens correndo no subterrâneo, tal qual metrô, na região central de São Paulo. Parque linear restituindo o verde e a água das chuvas nas margens do rio Tietê.

Investimentos que podem chegar a R$ 20 bilhões.

A prefeitura começa a debater hoje o plano do Arco Tietê, primeiro passo para a criação do Arco do Futuro, promessa de campanha e principal projeto urbano de Fernando Haddad (PT), cujo objetivo é juntar moradia, emprego e requalificação do espaço.

Ideias como o enterramento dos trilhos de trem, que hoje cortam a cidade como um muro, foram apresentadas por 17 consórcios para uma área que vai do entroncamento das rodovias Anhanguera e Bandeirantes, na zona oeste, à Dutra, na zona norte.

Ela é cortada pelo rio Tietê e equivale ao tamanho da ilha de Manhattan, em Nova York.

As propostas para a revitalização urbanística da região serão discutidas após a prefeitura ter dito, em agosto, que não teria como construir, por falta de recursos, duas obras viárias estratégicas do Arco do Futuro -- os apoios norte e sul, vias paralelas à marginal Tietê. Agora, ela aguarda a iniciativa privada.

MARCOS

"Não tenho medo do gigantismo do plano. Se não pensarmos grande, a cidade vai se amesquinhar", afirma o secretário de Desenvolvimento Urbano, o arquiteto Fernando de Mello Franco.

Ele cita dois marcos da história de São Paulo para ilustrar onde quer chegar: Prestes Maia (1896-1965), o prefeito que criou o plano de avenidas nos anos 1920-30 e mudou o traçado da cidade, e a usina hidrelétrica Henry Borden, de 1926, que alavancou a industrialização.

"O Arco Tietê é um plano para ter repercussão daqui a 30 anos", afirma. Alguns ícones, porém, devem ficar prontos em quatro anos.

O debate que começa hoje, com uma audiência pública no Memorial da América Latina, visa confrontar as ideias dos consórcios com o que quer a população.

Após a discussão, as empresas terão seis meses para apresentar modelos mostrando a viabilidade urbana, econômica e jurídica do plano.

A área é estratégica, segundo o secretário, porque conecta a cidade com o interior, tem zonas industriais, como a produção de roupas no Bom Retiro, trem, metrô, um rio a ser recuperado e bairros pouco ocupados, como a Água Branca, com 30 habitantes por hectare, menos da metade da média da cidade (70).

Os planos dos consórcios vão de travessias só de pedestres e bicicletas sobre o rio Tietê ao enterramento da ferrovia. Há ainda o plano de criar um parque nas margens do rio, que alagaria com as chuvas e teria piscinas. Uma das propostas prevê 50 mil moradias populares.

Há planos de escritórios internacionais, como o Aecom, dos EUA, que tem 45 mil funcionários, o Arcadis, da Holanda, e o Apur (Atelier Parisien d´Urbanism), da França. Participam também empreiteiras como Odebrechet e Queiroz Galvão.

Para bancar o plano, a prefeitura pretende lançar mão de parcerias, concessões e investimento direto. Uma das ideias é oferecer áreas públicas para os consórcios em troca de investimentos.

Um exemplo: a SPU (Secretaria do Patrimônio da União) pode transferir áreas da antiga Rede Ferroviária Federal para a prefeitura, que cederia os terrenos aos consórcios.

Outra área federal que está entre os alvos do Arco Tietê é o Campo de Marte, que abriga um aeroporto. Ele pode virar parque, com construções numa pequena área.

DIFICULDADES

A maior dificuldade é como viabilizar economicamente um plano desse porte, segundo o arquiteto Guilherme Wisnik, curador da próxima Bienal de Arquitetura.

A razão é a baixa capacidade de investimento da prefeitura, por causa da dívida de R$ 54 bilhões com a União.

Há ainda o problema de conciliar as escalas das grandes vias com o cotidiano miúdo. "O grande desafio é articular obras de infraestrutura com calçadas que estimulem o caminhar. Não é fácil transformar o entorno da marginal Tietê em uma cidade", afirma.


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