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Análise - Mais Médicos

Críticos ao programa avaliam que classe errou nas reações

Profissionais apontam que categoria foi inábil e está malvista pela população

CLÁUDIA COLLUCCI DE SÃO PAULO

Enquanto a briga entre o governo federal e as entidades médicas não dá sinal de trégua, em diversos fóruns os médicos já se posicionam contra o que chamam de "radicalismo" dos seus representantes no debate sobre o programa Mais Médicos.

Embora critiquem vários pontos do programa e considerem a medida "eleitoreira", esses profissionais dizem que a categoria foi inábil e ficou malvista pela população.

"Erramos. Não soubemos fazer o diagnóstico da situação. A população ficou contra a gente", comentou um médico, que pediu para não ser identificado, em debate realizado anteontem à noite na Fundação Getulio Vargas.

O urologista Miguel Srougi, um dos palestrantes, lembrou que as entidades perderam tempo demais na defesa de que o país não precisava de mais médicos ou de mais escolas médicas.

Hoje, existe uma unanimidade de que não só o Brasil como o resto do mundo vive uma escassez de médicos.

Outros profissionais avaliam como "um grande equívoco" os protestos contra os cubanos, que alimentaram a antipatia da população contra os médicos.

"Tive vergonha da minha categoria", disse o patologista Paulo Saldiva, em debate na USP na semana passada.

Em sua coluna na Folha no último sábado, o oncologista Drauzio Varella também manifestou insatisfação.

"O que ganhamos com essas reações equivocadas? A antipatia da população e a acusação de defendermos interesses corporativistas", escreveu ele.

PESQUISA

Embora essa não seja a opinião oficial das entidades de classe que os representam, esses médicos estão certos em relação a que lado a população está agora.

Pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte), divulgada anteontem, apontou que 73,9% dos brasileiros se declararam favoráveis à importação dos profissionais formados no exterior. Em julho, esse percentual era de 49,7%.

O número de entrevistados que disse ser contra o programa caiu de 47,4% em julho para 23,8% em setembro.

Talvez os médicos tirem uma lição disso tudo, na hora de expor seus argumentos: a necessidade de levar em conta a situação de quem vive nos rincões do país, sem assistência médica.

Essa população não quer saber se a União deveria investir 10% de suas receitas em saúde ou se estrangeiros teriam que passar por exames para a revalidação do diploma. Ela só quer um médico.


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