Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Mistura de 'pop fofura' e orquestra falha

Show de Mallu Magalhães e Ouro Negro ontem sofreu problema de som e de adequação ao próprio estilo do festival

Quinto dia de evento é dominado por casais na plateia e nomes do rock romântico, como Frejat e Matchbox Twenty

MARCO AURÉLIO CANÔNICO DO RIO

Num dia de Rock in Rio dominado por casais na plateia e ícones do rock acessível e romântico no palco, como Bon Jovi, Nickelback e Matchbox Twenty, houve pouco espaço para quem tentou fugir do óbvio.

Ninguém sentiu isso com mais força do que Mallu Magalhães em seu fracassado encontro com a Banda Ouro Negro, no segundo show do palco Sunset, ontem --o primeiro, com o rock mais moderno e eletrônico do quarteto português The Gift, tampouco foi sucesso de público.

O que poderia ter sido uma reunião interessante, misturando o pop fofura de Mallu com o refinamento sonoro da Ouro Negro, acabou sendo frustrado por problemas de som e pelo próprio estilo do quinto dia de festival.

Apesar da inegável elegância e qualidade das composições --a maior parte do maestro Moacir Santos (1924-2006)--, o clima "jazzy" do encontro se mostrou inadequado para o tipo de público; muita gente se pôs a conversar e a olhar o celular durante o show.

Elegantemente vestida de branco, Mallu fez mais sucesso quando se ateve a seu repertório, como no início da apresentação, com canções suaves e românticas como "Cena" e "Olha Só, Moreno".

A entrada da Ouro Negro, comandada pelo violonista e maestro Mario Adnet, mostrou-se problemática desde o início: ajustar o som de todos os instrumentos dos músicos foi tarefa inglória e não executada a contento.

O desconforto de Mallu era nítido ("Maestro é novidade pra mim", disse, desculpando-se) e a deixou um tanto engessada. Completar certas músicas pareceu um trabalho hercúleo. "Ufa", disse ela, com um risinho tenso, ao final de "What's my Name".

Os melhores momentos da parceria entre cantora e banda foram nas músicas mais suingadas, como "Tim Dom Dom", de Jorge Ben Jor (na qual Mallu animou o público ao rebolar) e "It Don't Mean a Thing", de Duke Ellington.

O clima melhoraria no final, com dois sucessos da cantora ("Sambinha Bom" e "Velha e Louca"), comprovando que os fãs queriam a Mallu juvenil e fofa, não um repertório mais elaborado.

PREVISÍVEL E CONFIÁVEL

Experiente em festivais de multidão --este foi seu quarto Rock in Rio-- Roberto Frejat não teve problemas para entreter seu público, na abertura do palco Mundo.

Em um show tão confiável quanto previsível, enfileirou os velhos rocks do Barão Vermelho ("Bete Balanço", "Pro Dia Nascer Feliz" etc.) e as baladas românticas de sua carreira solo, como "Por Você" e "Segredos".

"A gente veio aqui pra curtir, isso aqui é um festival, uma festa", disse o sempre simpático vocalista logo na abertura, dando o tom da apresentação.

Mesmo quando variou, como no início do show, com uma trinca de canções alheias, não se arriscou muito: foi de "Divino Maravilhoso" (de Gil e Caetano), "A Minha Menina" (Jorge Ben Jor) e "Não Quero Dinheiro", de Tim Maia, a quem chamou de "meu cantor favorito".

Guitarrista experiente, Frejat tem conhecimento musical de sobra para fugir do feijão com arroz. Sua escolha pelo trivial bem feito diz muito sobre a mentalidade do Rock in Rio no dia de ontem.

E o fato de ter sido bem-sucedido, num show cheio de momentos em que a plateia cantou junto, mostra bem qual o tipo da audiência.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página