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Depoimento

Só consegui deixar as drogas depois de 25 internações

FABIAN PENYY NACER ESPECIAL PARA A FOLHA

Acabar com o vício em crack não é fácil. Não é da noite para o dia que um assistente social, um técnico em enfermagem, um agente de saúde vai convencer o usuário a deixar a pedra.

Quando alguém se depara com um "craqueiro" segurando um cachimbo e propõe uma mudança de vida, está falando só com um corpo. O ser humano que existia ali está ausente naquele momento. É uma conversa no vazio.

Sou prova disso. Fui viciado em cocaína e crack por quase 20 anos. Vivi seis anos na cracolândia. Morei em casarões onde jovens eram estuprados ou vendiam seus corpos em troca da droga. Só consegui deixar o crack depois de 25 internações.

Persistência. Essa foi a palavra que funcionou no meu caso. E é isso que vai funcionar para a maioria das pessoas que está lá.

Essa insistência deve partir do poder público, que precisa investir em tratamentos adequados, mesmo que as internações sejam involuntárias ou compulsórias. A família também deve dar suporte.

Não é a polícia que vai acabar com o bando de zumbis que caminha pela região central de São Paulo.

Se querem prender traficantes, terão de prender todo mundo ali. Um viciado é um microtraficante.

Para acabar com esse cenário, é fundamental que os jovens recebam informações sobre o assunto.

Debater o assunto em salas de aula, mostrando os malefícios de todas as drogas, é o primeiro passo para evitar a expansão das centenas de cracolândias que existem pelo Brasil.


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