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Ilustrada - em cima da hora

Morre Norma Bengell, 78, musa e polemista do cinema nacional

Estrela de 'Os Cafajestes' (1962), atriz carioca fez o primeiro nu frontal num filme brasileiro

Ela também dirigiu e produziu 'O Guarani', que teve problemas nas prestações de conta e foi alvo de ações judiciais

DO RIO DE SÃO PAULO

Famosa tanto pela beleza que lhe abriu as portas da carreira artística quanto pelas incontáveis polêmicas que fecharam várias delas, a atriz, cineasta e cantora Norma Bengell, 78, morreu na madrugada de ontem, no Rio, vítima de câncer no pulmão.

Ela teve papéis em "Os Cafajestes" (1962), no qual apresentou o primeiro nu frontal do cinema brasileiro, "O Pagador de Promessas" (1962), que originou sua carreira internacional, e dirigiu "O Guarani" (1997), cuja prestação de contas foi contestada por órgãos fiscalizadores.

Norma lutava contra a doença havia pelo menos seis meses. Estava internada desde o último sábado no Hospital Rio-Laranjeiras, em Botafogo, zona sul do Rio, onde morreu por volta das 3h.

Sua saúde vinha se deteriorando desde 2010, quando sofreu duas quedas dentro de casa e teve uma fissura na coluna, passando a usar cadeira de rodas. Viúva e sem filhos, a atriz vivia em Copacabana com uma acompanhante.

Seu velório começou no início da noite de ontem no Cemitério São João Batista, em Botafogo. O corpo deve ser cremado hoje, às 14h, no Cemitério do Caju.

Filha única, Norma nasceu no Rio e passou a infância em Copacabana. Adolescente rebelde, foi expulsa de um internato de freiras alemãs e abandonou os estudos.

CINEMA

O convite para fazer cinema veio aos 23 anos, quando contracenou com Oscarito na chanchada "O Homem do Sputnik" (1959), de Carlos Manga, fazendo uma paródia de Brigitte Bardot.

No mesmo ano, lançaria seu primeiro LP, "OOOOOOh! Norma". O álbum chamou a atenção por sua capa, na qual Norma parecia estar nua.

Dois anos depois, sua nudez explícita em "Os Cafajestes" causou escândalo, tornando-a alvo de críticas violentas dos setores mais conservadores do Brasil.

Sua atuação no premiado "O Pagador de Promessas" (1962) a levou a ser contratada pelo produtor italiano Dino de Laurentis, que a levou para atuar em produções italianas e francesas.

Nas palavras de Jece Valadão, Bengell era a "mulher mais desejada do Brasil" nos anos 1960. Ela também foi parceira sexual de Mick Jagger em clipe e protagonista de beijo em Itamar Franco.

Atriz de filmes que costumavam cair no radar da censura, Norma se exilou na França em 1971.

Em 2010, quando foi anistiada e indenizada pela perseguição, ela disse à Folha ter perdido as contas de quantas vezes foi detida pelo regime militar.

Mais uma vez no terreno da polêmica, em 1984 a atriz afirmou ter feito 16 abortos.

Seu retrato com outras atrizes na Passeata dos Cem Mil, no centro do Rio, em 26 de junho de 1968, foi usada pela campanha da então candidata Dilma Rousseff.

Seus últimos trabalhos foram no seriado de TV da Globo "Toma Lá, Dá Cá", em 2008 e 2009, onde interpretava a homossexual Deyse Coturno. Norma também preparava uma autobiografia a ser lançada em 2014.

JUSTIÇA

A atriz se envolveu num imbróglio jurídico envolvendo a prestação de contas de "O Guarani", em que Norma acumulou os papéis de produtora e diretora.

Fracasso de público e crítica, o filme teve autorização do Ministério da Cultura para captar, via leis de renúncia fiscal, R$ 3,9 milhões. Levantou R$ 2,9 milhões.

O MinC achou notas frias na prestação de contas e passou o caso ao Tribunal de Contas da União, que também acusou retirada de "pró-labore" (quantia que o produtor destina a si mesmo pelo trabalho realizado) em valor superior ao permitido.

Ela foi indiciada pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e apropriação indébita.

"Tenho a consciência limpa. Sei onde ponho meu nariz, de onde pego minhas coisas. Seria incapaz de mexer no que não é meu", disse à Folha em 2007.

Segundo advogados da atriz, foram abertos três processos criminais contra ela. Dois foram arquivados e o terceiro não tinha tido decisão.


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