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Análise

Ícone da transgressão, atriz desafiou dogmas com atrevimento e beleza

SÉRGIO RIZZO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ainda bem que Norma Bengell não veio ao mundo só para agradar. Foi também um ícone de transgressão no cenário cultural brasileiro. Incomodou a Igreja Católica, desafiou o conservadorismo e despertou inveja.

O escandaloso nu frontal --o primeiro do cinema brasileiro-- na sequência de chantagem e estupro de "Os Cafajestes" (1962), de Ruy Guerra, brilha hoje como um momento sublime de atrevimento.

A controvérsia provocada ali só encontraria paralelo na cena erótica que protagonizou com Odete Lara em "Noite Vazia" (1964), de Walter Hugo Khouri. Graças mais uma vez a Norma, o cinema brasileiro rompia tabus.

Naquele período da carreira, foi ainda o contraponto à ingenuidade da personagem de Glória Menezes em "O Pagador de Promessas" (1962).

Novamente no papel de uma prostituta, Norma levou à Riviera Francesa a sensualidade explosiva que lhe valeria trabalhos na Europa e nos EUA. Mais do que apenas beleza notável, o Brasil exportava um símbolo sexual.

Fora das telas, também alimentou polêmicas. Militante pela criação de incentivos ao cinema brasileiro no período pós-Collor, tascou um beijo no então presidente Itamar Franco pela assinatura da Lei do Audiovisual, em 1993.

Foi protagonista involuntária de uma celeuma eleitoral, na campanha de 2010, quando o blog de Dilma Rousseff usou uma foto de Norma, na Passeata dos Cem Mil de 1968, como se ela fosse Dilma.

Mas nenhuma dessas situações foi capaz de atingir a sua imagem pública com a voracidade do episódio que envolveu "O Guarani" (1996).

Produzido e dirigido por Norma, o filme foi um fracasso de público. Como se essa frustração já não bastasse, problemas com a prestação de contas a devolveram aos holofotes da mídia.

Foi então desencadeada a vingança conservadora que a aguardava desde os anos 1960. Norma caiu no moedor de carne por um desvio de dinheiro, mas também porque, bonita e desejada, um dia ousou desafiar dogmas.


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