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Tapeçaria pode ser refeita, diz Tomie Ohtake

Obra de 800 m² da artista plástica estava exposta no auditório do Memorial da América Latina atingido por incêndio

Inaugurado em 1989, complexo foi alvo de polêmica por causa dos custos e do projeto 'árido' de Niemeyer

DE SÃO PAULO DO RIO

"Fiquei muito triste. Mas dá para ser refeita sem problemas. Dá trabalho, mas é possível refazer", disse à Folha Tomie Ohtake, 100.

A artista plástica assina uma tapeçaria de cerca de 800 m² que estava exposta no auditório Simón Bolívar e foi danificada no incêndio no Memorial da América Latina.

De acordo com o arquiteto Ricardo Ohtake, filho de Tomie, a decisão de refazer a obra depende apenas do Memorial. A extensão do estrago ainda é desconhecida.

Especialistas em leilões de arte, como Jones Bergamin e Soraia Cals, estimam que a tapeçaria valeria cerca de R$ 5 milhões.

"É uma obra única, então é difícil estimar", diz Soraia. "Mas, levando-se em conta que ela tem pinturas menores vendidas por até R$ 500 mil, R$ 5 milhões é um valor que parece correto, podendo ser até mais."

Daniel Roesler, diretor da galeria Nara Roesler, que representa a obra da artista, diz, no entanto, que o valor da peça é "inestimável".

"É uma obra importante, reproduzida em todos os catálogos da Tomie e feita em parceria com Niemeyer", diz. "É única e por isso seu valor não pode ser calculado."

Inaugurado em 1989, o Memorial foi idealizado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo antropólogo Darcy Ribeiro para representar a união dos povos latino-americanos.

Sua construção, feita no governo de Orestes Quércia, foi polêmica. À época, questionavam-se os gastos, que batiam os US$ 48 milhões, em valores da época.

A então deputada Clara Ant (PT-SP), hoje diretora do Instituto Lula, chegou a pedir a suspensão da obra, de responsabilidade do Metrô, alegando falta de concorrência pública.

Luiza Erundina (PT), então prefeita de São Paulo, também ameaçou embargá-la devido ao atraso no pedido de alvará.

Mas havia ainda quem reclamasse do projeto. Para esses, o problema estava na concepção: o Memorial era uma obra árida e de tamanho desproporcional.

"Não é, nem de longe, a melhor obra de Niemeyer", afirma Pedro da Luz Moreira, diretor do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil).

Apesar das controvérsias, o prédio foi tombado pelo Estado em 1997 e pelo município em 2012. Sua conservação custa R$ 1 milhão por ano.

"Estamos consternados e faremos uma vistoria para avaliar a perda. Vamos lutar pela reconstrução. Não é impossível reconstruir", diz Nádia Somekh, presidente do Conpresp, o conselho municipal de patrimônio.

De acordo com a Fundação Oscar Niemeyer, uma comissão de arquitetos que prestam papel consultivo pode ajudar na reforma.

O auditório Simón Bolívar foi inaugurado no mesmo ano do Memorial, com a apresentação do Balé Nacional de Cuba. Também já se apresentaram ali a Orquestra Filarmônica de Israel, sob regência do maestro Zubin Mehta, e os cantores Mercedes Sosa, Tom Jobim e Hermeto Pascoal.

Segundo o Memorial, o espaço já recebeu chefes de Estado, como Bill Clinton, Fidel Castro e Hugo Chaves. (ARETHA YARAK, ANDRÉ MONTEIRO, MARCO AURÉLIO CANÔNICO, VANESSA CORREA E SILAS MARTÍ)


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