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Hotel dá cortesia para aliviar tensão com os hóspedes

FOLHA VERÃO Luxuoso Casa Grande, que recebeu Ivete Sangalo e David Guetta, funciona à base de caminhões pipa

Moradores de badalado condomínio pegam água "emprestada" de vizinhos que possuem um reservatório maior

ROBERTO DE OLIVEIRA DE SÃO PAULO

Para "refrescar" os ânimos de hóspedes inconformados com a falta de água no Guarujá, o Casa Grande Hotel Resort e Spa resolveu oferecer um final de semana como cortesia ou prolongar a estadia sem custo aos clientes.

Construído em estilo colonial brasileiro, o Casa Grande é considerado um dos hotéis mais luxuosos de todo o litoral paulista. Ele fica na praia da Enseada, um dos focos mais afetados pelo desabastecimento no litoral sul.

Há 19 anos à frente do hotel, o diretor do Casa Grande, Lourival de Pieri, 60, conta que nunca viveu uma situação "tão desagradável" como essa que o Guarujá enfrenta.

Ele nega casos de hóspedes que tenham se recusado a pagar a diária, como se chegou a comentar na cidade. Diz que a cortesia, oferecida a pelo menos 20 hóspedes, é para evitar "descontentamentos com um problema que não é do próprio hotel".

A falta de água no Casa Grande começou no último dia 29, quando o hotel passou a suprir sua demanda de água com caminhões pipa.

Em três dias, comprou 40 caminhões --cada um deles carrega 30 mil litros de água e custa R$ 1.200, segundo o diretor do Casa Grande.

Com uma ampla área de lazer e spa, o hotel resort possui um reservatório com capacidade para 600 mil litros.

Pieri lembra que conseguiu estancar a falta de água por volta das 22h do primeiro dia de 2014. O uso de caminhões pipa, porém, continua por lá.

Até o final da tarde de ontem, entre oito e dez veículos se revezavam dia e noite no abastecimento do hotel.

Para evitar que o reservatório atinga níveis críticos novamente, o Casa Grande teve que encher seus caminhões em uma região mais próxima da praia da Enseada.

O diretor diz que a Sabesp se comprometeu com o hotel e com a própria Prefeitura do Guarujá em resolver o problema até amanhã, no máximo.

Neste final de semana, o hotel resort e spa, que possui 268 acomodações entre apartamentos, suítes e chalés, está com 100% de ocupação, de acordo com o diretor.

O DJ francês David Guetta, que tocou no Guarujá anteontem, esteve hospedado por lá, assim como a banda da baiana Ivete Sangalo, que iria se apresentar na noite de ontem.

Os preços das diárias variam de R$ 750 a R$ 1.800.

Na praia de Pernambuco, hóspedes de outro luxuoso hotel, o Sofitel Jequitimar, com 301 apartamentos, também relatam falta de água. Procurado, o hotel diz que não enfrenta desabastecimento nem teve que recorrer ao uso de caminhão pipa.

ÁGUA MAIS CARA

Como se não bastasse a escassez de água, moradores e turistas do Guarujá dizem que a alta procura por caminhão pipa já repercute nos preços.

Normalmente, conta a maquiadora Elvira França, 25, o preço de um caminhão pipa gira em torno de R$ 500.

"Isso em outras épocas do ano", diz ela. "Porque agora, você não consegue encontrar por menos de R$ 1.500."

Elvira tem um apartamento de 120 metros quadrados a três quadras da praia da Enseada, espécie de epicentro do desabastecimento.

No prédio dela, todos os moradores foram alertados sobre a forte crise.

"Houve uma gritaria para controlar ao máximo o consumo", diz. "Imagine com um baita calor desses, ter que controlar água", diz.

Ainda segundo a maquiadora, é comum a presença de caminhões pipa não só em hotéis e pousadas, como também em casas e prédios.

Num dos mais badalados condomínios do Guarujá, o Acapulco, caminhões pipas tornaram-se presença constante, segundo a empresária Luciana Barbosa, 50. Moradores recorrem a vizinhos com reservatórios maiores atrás de água "emprestada".

A empresária conta que água mineral "virou luxo" em Acapulco. Ela pagou R$ 22,50 por um galão de cinco litros.


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