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'Vivemos numa sociedade nazista', afirma educadora

Yvonne Bezerra passou a ser ameaçada após ajudar jovem preso a poste

Dirigente de ONG de apoio a criança carente afirma que faria tudo de novo e que agiu de forma 'humanitária'

BRUNO CALIXTO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

A educadora Yvonne Bezerra de Mello preparava-se para dormir quando o porteiro a avisou de que havia um jovem acorrentado a um poste em sua rua.

Ela foi até lá, chamou os bombeiros e, possivelmente, salvou a vida do adolescente. Postou a foto do menor em uma rede social e a partir daí passou a sofrer ameaças e a ser xingada.

Yvonne tem ligação antiga com a defesa dos direitos de menores carentes: em 1993, foi a ela que os sobreviventes da chacina da Candelária procuraram para contar o que havia acontecido.

Folha - A sra. tem sido criticada por ter ajudado o adolescente que foi agredido. A sra. se arrepende?

Yvonne Bezerra de Mello - Foi uma ação humanitária, poderia ter sido feita por qualquer pessoa. Chamei as autoridades e encaminhei o menino, só isso. No dia seguinte, a culpada pelos males do Brasil era eu. Mas de maneira nenhuma me arrependo. Faria tudo de novo.

Que tipo de ameaças recebeu?

Por rede social, email, telefone, tudo. Fui xingada de tudo o que é nome, me acusaram de educar bandido. É um choque saber que vivemos em uma sociedade nazista, fascista.

A sra. pertence à classe alta. Sofre preconceito por trabalhar com crianças carentes?

Sou uma mulher privilegiada. Tenho casa, emprego e tudo o que quero. E por causa do meu trabalho, sim, sofro preconceito. Não nasci rica, fui criada por uma mãe sozinha, sem pai, e sofri na pele por isso.

Incomoda ser chamada de a mulher que ajuda bandidos'?

Incomoda pensar que eu moro em um país onde as pessoas que têm educação possam achar isso.

Como soube que o adolescente estava acorrentado?

O porteiro do meu prédio me interfonou quando eu já estava pronta para dormir. Fui imediatamente. Sou chamada várias vezes e não me importa onde é, eu vou. É igual ao médico quando chamado a salvar uma vida. Tem que ir.


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