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Cotidiano

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PAÍS EM PROTESTO

Polícia busca acusado de matar cinegrafista em 3 regiões do Rio

Manifestante é considerado foragido; ele teve fotos divulgadas em cartazes de 'procurado'

Prefeito do Rio diz que suspeitos são 'filhinhos de papai mimados'; para ministra, eles adotam práticas da ditadura

DIANA BRITO MARCO ANTÔNIO MARTINS DO RIO

Dezesseis policiais, agentes do serviço de inteligência e o Disque-Denúncia foram mobilizados ontem na busca pelo manifestante Caio Silva de Souza, 23.

Souza teve prisão preventiva decretada na noite de segunda-feira. Ele é o principal suspeito de ter aceso o rojão que atingiu e matou o cinegrafista Santiago Andrade, 49, da TV Band.

Ontem à noite, o rapaz já era considerado foragido. O advogado que diz representá-lo afirmou que ele está muito assustado com a repercussão do caso, mas deve se entregar hoje.

A polícia informou que ele trabalha como auxiliar de serviços gerais no hospital estadual Rocha Faria, em Campo Grande, zona oeste do Rio.

Mais cedo, o Disque-Denúncia divulgou cartazes onde sua foto aparece sob a palavra "Procurado", além de outras fotos suas.

Desde a madrugada, policiais percorreram locais onde Souza costuma ir: a casa onde mora com o pai, em Nilópolis (Baixada Fluminense), o hospital onde trabalha e um endereço na região dos Lagos, a pelo menos duas horas dali, que costuma frequentar.

No início da noite, as buscas foram encerradas.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, Souza, empregado de uma empresa terceirizada, trabalha em regime de plantão de 12 horas, com 36 horas de folga. No dia em que o cinegrafista foi atingido, ele estava de folga. No dia seguinte deveria trabalhar, mas desde então não aparece no hospital.

Souza registra passagens pela polícia. Em 2010, ele foi detido na Baixada Fluminense sob a suspeita de portar 33 gramas de cocaína e crack.

A droga foi encontrada a dois metros de Souza por policiais militares, após uma perseguição. O inquérito foi arquivado por falta de provas.

O manifestante ainda registrou uma ocorrência na delegacia informando ter sido agredido num protesto.

FILHINHOS DE PAPAI

O prefeito Eduardo Paes disse que os suspeitos da morte são "filhinhos de papai mimados". Ele defendeu a prisão dos indiciados.

"Eles precisam ficar na cadeia por muito tempo. Precisamos é de menos impunidade no Brasil e no Rio. Protesto faz parte, o que não pode acontecer é sair na rua tirando seus recalques, atacando os outros com violência."

Também no Rio, a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, afirmou que os manifestantes que usam a violência nas ruas repetem práticas da ditadura militar.

"Não podemos ser condescendentes com quem acha que pode tudo só pelo fato de ser um manifestante", disse.

No mandado de prisão expedido pela Justiça do Rio na segunda à noite, o juiz de plantão afirma ser necessária a detenção de Souza "dada a lesividade social para que os eventos violentos não mais se repitam".

De acordo com os policiais, Souza recebeu o rojão apagado das mãos de Fábio Raposo Barbosa, 22, acendeu o artefato e o jogou próximo de onde estava o cinegrafista.

Ele foi identificado a partir do depoimento de Fábio Raposo que o reconheceu através de uma foto levada pela polícia. O advogado de Raposo, Jonas Tadeu, entregou à polícia o nome, número de identidade e CPF do suspeito. Tentava obter para seu cliente o benefício da delação premiada, mas não conseguiu.

Para o delegado Maurício Luciano, ao colocar o rojão naquele local, o rapaz tinha intenção de matar.

"Foi um homicídio intencional. Não foi um atentado à liberdade de imprensa. Infelizmente, o Santiago estava na linha de tiro. A intenção era ferir ou matar os policiais", disse o delegado.

O corpo do cinegrafista será cremado amanhã.


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