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Cotidiano

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PAÍS EM PROTESTO

Manifestante é preso, e advogado diz que ele era pago para tumultuar

Defensor afirma que acusado de matar cinegrafista recebia R$ 150 para fazer 'quebra-quebra'

Ele não revelou nomes de quem poderia pagar jovem, mas declarou haver envolvimento de políticos com ativistas

DO RIO DE SÃO PAULO

O manifestante Caio Silva de Souza, 23, indiciado pela morte do cinegrafista da TV Band Santiago Ilídio de Andrade, 49, foi preso na madrugada de ontem em uma pousada em Feira de Santana (a 119 km de Salvador).

À TV Globo, que acompanhou a operação dos policiais que saíram do Rio para prendê-lo, Souza admitiu que acendeu o artefato que atingiu o cinegrafista da Band, mas afirmou que não sabia que se tratava de um rojão.

Ele disse à polícia que só daria depoimento em juízo.

Segundo seu advogado, Jonas Tadeu Nunes, Souza e outros jovens recebiam até R$ 150 para participar de protestos. Para participar do ato na Central do Brasil na quinta-feira passada, o manifestante ganhou o valor máximo, segundo o defensor.

"O dinheiro era pago por um ativista, que eles não deram o nome. Mas esse ativista tem envolvimento com político, com diretórios regionais de partidos, de vereadores, deputados estaduais e senadores", afirmou o advogado, por telefone, à Folha.

Nunes não quis dizer, no entanto, quais partidos podem estar envolvidos nessa remuneração. "Isso a polícia tem que investigar", afirmou. Um inquérito foi aberto para apurar a denúncia.

O defensor afirmou ainda que o manifestante preso ontem recebia um salário mínimo como auxiliar de serviços gerais em um hospital estadual na zona oeste do Rio e usava o dinheiro das manifestações para "completar" os seus rendimentos.

"Ele foi aliciado a participar de manifestações e, para cada manifestação [de] que ele participava com o intuito de vamos fazer um quebra-quebra', ganhava R$ 150", disse o advogado à Globonews.

Ainda segundo Nunes, os aliciadores "mandam transporte para levar para as manifestações", "fornecem máscara de gás" e "equipamentos necessários para a guerra".

Nunes também defende Fábio Raposo, 22, preso desde domingo após admitir ter entregado o rojão que atingiu o cinegrafista a outro manifestante --agora identificado como sendo Souza.

Na hora da explosão durante o protesto contra o aumento da tarifa de ônibus, os dois manifestantes tinham os rostos encobertos por máscaras --o que é comum a adeptos da tática "black bloc", que prega a destruição de patrimônio.

Ainda na entrevista à Globo, Souza disse que que não se intitula "black bloc". Quando foi questionado sobre por que acendeu o artefato, ele respondeu que era "para fazer barulho".

Ainda na Bahia, o manifestante disse que fugiu quando sua imagem começou a ser divulgada. "Eu fiquei com medo de me matarem. A verdade é essa", disse. Ao ser indagado sobre quem poderia fazer isso, ele apenas declarou: "Pessoas envolvidas nas manifestações".

Souza está preso no complexo de Bangu, no Rio.

PARTIDOS

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), disse ontem, sem citar nomes, que há partidos e organizações "embutidos" nos protestos violentos e que os suspeitos de lançar o rojão estão "inseridos em um contexto maior".

A declaração foi feita horas antes de o defensor dos dois manifestantes falar sobre a suposta remuneração.

"Há grupos e segmentos de partidos políticos que desprezam o processo democrático, as instituições", disse Cabral.

Em julho, o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, acusou PR e PSOL de darem "viés político" aos protestos --sem dar provas.

Líder do PR na Câmara e pré-candidato à sucessão de Cabral, o deputado Anthony Garotinho não quis se pronunciar ontem. O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) negou que o partido pague a militância para participar das manifestações.


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