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Procuradoria pede nomes de policiais suspeitos de extorsão

Polícia Federal terá de abrir um novo inquérito para investigar especificamente homens do Deic e do Denarc

Segundo secretário da Segurança paulista, chefe da PF admite ter demorado para comunicar o caso

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Suspeito de extorquir dinheiro de traficantes internacionais de drogas para não mandá-los para a cadeia, um grupo de ao menos 12 policiais civis paulistas será alvo de um inquérito requerido ontem pelo Ministério Público Federal à Justiça Federal.

As extorsões foram reveladas há uma semana pela Folha e envolvem homens do Denarc (departamento de narcóticos) e do Deic (departamento de crime organizado).

Documentos sigilosos do Gise-SP (Grupo Especial de Investigações Sensíveis em São Paulo), da Polícia Federal, dizem que as extorsões ocorreram em três ocasiões entre agosto de 2010 e março deste ano e somaram R$ 3 milhões em dólares, reais, veículos e armamentos.

A investigação foi concluída com a prisão de 105 pessoas e 9,5 toneladas de drogas. Oficialmente, os policiais civis não foram identificados na apuração, que, segundo os federais, tinha a quadrilha de traficantes como alvo.

Agora, o Ministério Público Federal quer que a PF inicie uma nova investigação para apontar quem são os policiais civis envolvidos.

A Folha apurou que dois policiais que aparecem em uma foto feita pelos federais durante a investigação são conhecidos como China (investigador) e Sena (agente policial). Hoje, eles trabalham em delegacias comuns da capital.

ATRIBUIÇÕES

"Se o crime de tráfico internacional é federal, a corrupção ou a extorsão praticada por agentes públicos, ainda que servidores estaduais, também é crime federal", diz a procuradora Ana Letícia Absy.

Ao tomar conhecimento do relatório da Polícia Federal na semana passada, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo determinou a abertura de uma investigação na Corregedoria da Polícia Civil.

O governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), classificou as suspeitas que recaem sobre homens do Deic e do Denarc como "graves".

Ontem, o secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, afirmou que o superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Roberto Troncon Filho, admitiu ter havido demora na comunicação entre os federais e os agentes da Corregedoria da Polícia Civil sobre as extorsões. Procurado pela Folha, Troncon Filho não quis dar entrevistas.

SEM REGISTRO

De acordo com a Polícia Federal, os traficantes eram pegos e mantidos reféns dentro das sedes do Denarc e do Deic sem que houvesse registro oficial de que estivessem ali. Acabavam liberados após o acerto, afirma a investigação.

As negociações das propinas para os policiais foram feitas, segundo a PF, pelo advogado André Luiz Bicalho Ferreira. Há conversas telefônicas gravadas com autorização da Justiça e imagens captadas pelos agentes federais.

À Folha Ferreira negou ter pago propina e disse nunca ter corrompido policiais civis.

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