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Vazamento de plano de fuga gera crise entre secretarias do governo

Relação entre pastas é abalada após ser divulgado esquema de resgate de chefe de facção criminosa

Geraldo Alckmin ficou irritado porque queria frustrar a tentativa de fuga e usar a ação como trunfo eleitoral

MARIO CESAR CARVALHO DE SÃO PAULO

O vazamento da operação de resgate de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe da facção criminosa PCC, abalou as relações entre as secretarias da Segurança e da Administração Penitenciária do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

Uma culpa a outra como responsável pela divulgação do plano pelo SBT e pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

Com a publicidade do plano, fugiram os seis investigados que usariam dois helicópteros e um avião para tirar Marcola do presídio em Presidente Venceslau. Acabou ficando comprometida uma investigação conjunta de 13 meses, pelo menos.

A Secretaria da Administração Penitenciária ficou enfurecida com o vazamento porque foi ela que descobriu o plano de resgate ao interceptar uma conversa de Claudio Barbará da Silva com sua mulher dentro do presídio de Presidente Venceslau, em 6 de janeiro de 2013.

Barbará contou à mulher que o PCC treinava três integrantes da facção para pilotar helicópteros.

A descoberta foi feita por meio de escuta ambiental, um método novo nesse tipo de investigação, não por meio de gravação de conversa telefônica, segundo a Folha apurou. A escuta ambiental usava gravadores minúsculos para captar conversas.

O governador Geraldo Alckmin ficou irritado com o vazamento porque tinha planos de prender os envolvidos no resgate e utilizar o caso como trunfo eleitoral.

"Lamentavelmente o caso acabou vazando", disse. Depois, elogiou a polícia: "São Paulo não retroage, não se intimida. É a maior polícia do Brasil, a mais preparada".

Alckmin recebeu o primeiro relatório sobre o plano de resgate há 20 dias e tratava o caso com extremo sigilo.

O estremecimento entre as secretarias só acentua uma desconfiança que já havia entre o titular da Segurança Pública, Fernando Grella, e seu par na Administração Penitenciária, Lourival Gomes.

Gomes é ligado ao ex-secretário de Segurança Antônio Ferreira Pinto, que, após a saída do cargo, em novembro de 2012, se tornou um dos maiores críticos da política contra a violência adotada por Geraldo Alckmin.

Ferreira Pinto disse em entrevista ao "Valor Econômico", em outubro de 2013, que Alckmin "está aproveitando para colher dividendos políticos" ao divulgar que o PCC tinha um plano para matá-lo.

Ele disse que esse tipo de ameaça era "fanfarronice".

Pré-candidato a deputado federal pelo PMDB, Ferreira Pinto tornou-se assessor para assuntos de segurança da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). O presidente da Fiesp, Paulo Skaff, é pré-candidato a governador pelo mesmo PMDB.

Grella negou à Folha que houvesse alguma crise com a Administração Penitenciária.

A prova das boas relações, segundo ele, é que os dois secretários assinariam o pedido à Justiça para que os chefes do PCC sejam transferidos para o isolamento.

Questionada pela reportagem, a Secretaria da Administração Penitenciária não quis se pronunciar.

Ferreira Pinto disse ter tomado conhecimento do plano pela imprensa.


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