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Foco

Rua Juventus, na Mooca, é palco da cultura dos 'carros que pulam'

Movimento 'lowrider' foi criado por imigrantes mexicanos nos EUA na década de 1950

GIULIANA VALLONE DE SÃO PAULO

Uma espiada no pátio do número 296 da famosa rua Juventus é suficiente para perceber que um dos bairros mais tradicionais de São Paulo, a Mooca, pode também ser considerado o expoente máximo da cultura "lowrider" no Brasil. O espaço, que fica na zona leste paulistana, é repleto de carros estilizados, que foram modificados para andar bem pertinho do chão.

"O carro é bonito, chama a atenção, rouba a cena. Mas a gente não monta para isso", diz José Américo Crippa, 42, o dono do lava-rápido, onde encontros desses "carrões" e seus fãs acontecem.

Crippa, conhecido como Tatá, e outros dois amigos se dizem os precursores no Brasil do "lowrider", cultura criada pelos imigrantes mexicanos nos Estados Unidos na década de 1950.

"É uma cultura de transformação de bicicletas e carros. Os chicanos' passaram a fazer arte nos carros, ícone máximo dos americanos", explica Antônio Carlos Batista Filho, 47, o Alemão. "O lowrider' é um tipo de arte em que você anda em vez de pendurar na parede", diz ele.

Alemão é fundador do bike club Otra Vida --"Sem o u' mesmo, como no espanhol"-- e divulga o "lowrider" no Brasil há 18 anos, depois de conhecer a cultura nos EUA.

A transformação dos carros inclui suspensão hidráulica, pintura semitranslúcida, rodas e pneus pequenos. A suspensão reforçada permite que os carros, literalmente, pulem.

O processo leva cerca de cinco anos, segundo Sergio Yoshinaga, 44, o Japonês, proprietário da oficina Heavy Duty e responsável pela montagem dos carros. "Não tem fim. Vai da sua imaginação e da sua grana. É brincadeira de gente grande."

Japonês e Tatá compõem, com outras duas pessoas, o "car club" Vida Real, mas para fazer parte do clube ter dinheiro não basta, dizem.

"Não montamos carros do dia para a noite. Não adianta botar dinheiro. Até chegar na minha oficina, tem que passar pelo Tatá e pelo Alemão. E ali não é fácil", diz Yoshinaga. "O que eu digo é: vem colando com a gente, vem sentindo nosso cheiro para ver se é isso que você quer. Pega a senha e fica na fila'."

"Não é só o carro, a pessoa também tem de estar envolvida com a cultura", explica Tatá. Para ele, o lowrider'' é um estilo de vida. "Não adianta montar um carro e querer ser o engraçadinho da esquina. Quem quer o carro para chamar a atenção é desclassificado", afirma.


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