Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Crise da água
Melhor opção não inclui rio Paraíba do Sul, diz estudo contratado por SP
Trabalho apresentado em novembro aponta Alto Juquiá como melhor solução
Após a análise, houve seca excepcional e foi preciso adotar plano que prevê tirar água do rio, afirma governo
O melhor plano apontado por um estudo encomendado pelo governo paulista para resolver a falta de água na região metropolitana a longo prazo não usa água dos afluentes do rio Paraíba do Sul --situação prevista no projeto que São Paulo pretende implementar.
É o que aponta uma apresentação, de novembro, feita pela empresa contratada pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB) para fazer os estudos.
O material, obtido pela Folha, detalha o Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista, elaborado pela Cobrape para São Paulo.
O trabalho diz que é possível tirar água de 18 fontes diferentes no Estado para suprir a Grande São Paulo. São apresentados dez arranjos possíveis para o uso dessa água. Eles foram classificados conforme itens como custo, questões ambientais e políticas.
A melhor solução para o dotar a região metropolitana de água até 2035, diz a apresentação, envolve o uso de oito fontes diferentes --nenhuma é o rio Jaguari, que deságua no Paraíba do Sul e de onde o governo planeja retirar água.
A avaliação é que essa opção custa menos, gera menos conflitos e é mais facilmente implementada que as outras nove. A principal fonte de água seria a chamada Alto Juquiá. Ela tira a água da bacia do rio Ribeira do Iguape, que abastece uma pequena hidrelétrica da CBA (Companhia Brasileira de Alumínio).
O projeto demandaria uma negociação com a CBA, já que a empresa tem o direito de usá-la para gerar energia.
O PROJETO ATUAL
Alckmin foi a Brasília há duas semanas pedir apoio federal a seu plano. O projeto gerou queixas do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que diz que o abastecimento de seu Estado seria afeta.
A presidente Dilma Rousseff recebeu Alckmin e pediu a dois órgãos técnicos que analisem a proposta.
Ficou acertado que São Paulo mandaria seu projeto para análise da ANA (Agência Nacional de Águas), que até ontem nada havia recebido.
Dos dez planos estudados pela Cobrape, apenas 5 são considerados viáveis devido aos custos econômicos, ambientais e políticos. E, desses cinco, apenas dois usam a água de reservatórios ou rios que desembocam no Paraíba do Sul. Ainda assim, em quantidade bem inferior ao que o governo paulista vem anunciando como necessária (5 mil l/s) e apenas a partir de 2025.
O documento aponta problemas políticos da retirada da água que vai para o Paraíba do Sul. Entre as desvantagens citadas, estão "conflitos regionais e interestaduais".
SECA EXCEPCIONAL
O governo de São Paulo informou que o estudo foi concluído em novembro e, desde então, houve uma situação excepcional de seca.
Segundo o governo, a solução do Jaguari está em implementação porque é a que melhor para resolver a situação do sistema Cantareira, que abastece 8,8 milhões de pessoas e está em nível crítico. Por isso, foi acelerada.
Sobre não ter enviado os estudos à ANA, o governo informou que a própria agência já disse que o Estado tem autonomia sobre o rio.