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Brasil tropeça em prova de solução de problemas do Pisa

Estudantes brasileiros ficam em 38º lugar entre 44 países ao resolver questões práticas de novo exame

Resultado pouca coisa melhor atesta falência da rede escolar e não criatividade dos alunos, diz educadora da USP

MARCELO LEITE DE SÃO PAULO

Pela avaliação internacional de desempenho educacional do Pisa, exame padronizado aplicado em 65 países, o Brasil nunca teve um copo metade cheio ou metade vazio. Com o país na 58ª posição, estava sempre vazio.

Um novo recorte do Pisa, sobre resolução de problemas, indica agora que o copo pode ter algo no fundo.

Nesse outro ranking, o Brasil surge de novo entre os últimos (38º lugar). Os sete primeiros lugares são de países e regiões asiáticos: Cingapura, Coreia do Sul, Japão, Macau, Hong Kong, Xangai e Taiwan. Os Estados Unidos ficam com a 18ª posição.

Não é a pior situação possível para o Brasil. Nessa mesma lista de 44 países, quando organizada pelo desempenho médio dos estudantes nas três áreas principais do Pisa (matemática, ciências e linguagem), brasileiros figuram em penúltimo (43º).

Na capacidade de resolver problemas práticos, portanto, o país sobe cinco posições. Seu desempenho é melhor do que seria de prever se fosse apenas pelo fraco resultado nas áreas tradicionais.

O Pisa trabalha com seis níveis de proficiência. Enquanto os três primeiros colocados na resolução de problemas têm mais de 20% de estudantes nos estratos superiores (5 e 6), o Brasil tem só 1,8%.

No extremo oposto, os campeões têm 8% ou menos com desempenho abaixo de 2. O Brasil, metade (47,3%).

As médias da OCDE, organização que reúne países mais desenvolvidos, são, respectivamente, 11,4% e 21,4%.

SITUAÇÕES PRÁTICAS

A solução de problemas foi testada, pela primeira vez no Pisa, com uma prova realizada em computadores.

As questões propostas exigiam, além de raciocínio lógico, a capacidade de sistematizar a busca de soluções para problemas práticos. Não pressupunham, entretanto, conhecimentos prévios.

Um exemplo de tarefa de nível 2: determinar o melhor ponto de encontro para três amigos que moram em locais distantes e não pretendem viajar mais de 15 minutos (veja quadro à direita).

Os brasileiros, assim como os americanos, saíram-se particularmente bem nas tarefas classificadas pela equipe do Pisa como "interativas". Vale dizer, naquelas que exigiam extrair do enunciado informações relevantes para resolver o problema.

Uma maneira benigna de interpretar tal resultado destacaria a criatividade dos brasileiros. Porém, na opinião de Paula Louzano, da Faculdade de Educação da USP, o copo está mesmo seco.

As habilidades que o Pisa tenta mapear com essa prova, na qual não se exige domínio de conteúdos curriculares, não se aprendem necessariamente na escola. Mas são importantes para a qualificação e a produtividade da mão de obra de um país.

CONTRIBUIÇÃO PEQUENA

Se é apenas aí que o Brasil se sai um pouco --muito pouco-- melhor, é porque a rede de ensino está contribuindo quase nada. "Matemática só se aprende na escola", ressalva Louzano. Nada a ver com o brasileiro ser mais criativo.

"Infelizmente, não é isso. O cara de Cingapura dá de mil na gente [em matemática e também em resolução de problemas práticos]."


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