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Estado e prefeitura trocam acusações em crise da água
Gestão Haddad critica falta de transparência da Sabesp e diz haver racionamento
Empresa do governo Alckmin nega rodízio e afirma que declarações são deturpadas com objetivo eleitoral
A crise de abastecimento de água gerou ontem um embate entre as gestões Fernando Haddad (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) --a menos de seis meses da disputa eleitoral pelo governo de São Paulo.
O secretário de Governo da prefeitura, Chico Macena, afirmou que São Paulo já enfrenta um rodízio noturno de água, adotado pela Sabesp, e disse que "é preciso transparência" por parte da companhia estadual para que a população seja avisada antes.
Ele disse que recebeu na segunda-feira um comunicado da Sabesp sobre a redução de pressão de água de madrugada --isso, para ele, já significa racionamento de fato.
A Sabesp associou as afirmações do petista às eleições.
"É no mínimo lamentável que gestores públicos usem uma reunião de natureza técnica para deturpar declarações com objetivos político-eleitorais", disse Paulo Massato, diretor metropolitano da companhia, em nota.
Segundo o executivo, "nunca foi dito por mim nem por nenhum funcionário da Sabesp que a companhia pratica qualquer tipo de rodízio ou racionamento".
A Sabesp já havia reconhecido na semana passada a redução de pressão, ao ser questionada sobre falta de água em vários bairros, principalmente à noite. A companhia disse ser resultado de manobras técnicas para remanejar água entre as represas, e não um racionamento.
O secretário de Haddad afirmou que a medida de reduzir a pressão em horários de baixo consumo é "inteligente do ponto de vista técnico", mas cobrou que haja uma comunicação prévia.
O vereador Gilberto Natalini (PV) disse que transformar a crise da água em debate eleitoral neste momento é uma "baixaria política".
CÂMARA
Também ontem, na Câmara, os vereadores da Comissão de Política Urbana aprovaram um requerimento convidando a presidente da Sabesp a se explicar.
A ideia é que Dilma Pena dê suas explicações sobre a crise e fale se o uso do volume morto (reserva de água do fundo das represas, nunca usada antes) vai trazer riscos.
Diante das chuvas dos últimos dias, o nível dos reservatórios do Cantareira teve um pequeno aumento ontem, passando de 12% para 12,3% da sua capacidade.