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Após 52 assassinatos em dois dias, PM da Bahia encerra greve

Policiais militares e governo fazem acordo, mas tropas federais ficarão no Estado até a situação se normalizar

Lojas voltaram a ser saqueadas na capital baiana; paralisação policial é a segunda em pouco mais de 2 anos

JOÃO PEDRO PITOMBO DE SALVADOR ANDRÉ UZÊDA ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Policiais militares da Bahia encerraram ontem a greve da categoria, após quase dois dias de paralisação.

A greve foi acompanhada por uma explosão da violência na Grande Salvador, a região mais afetada.

Houve saques e ao menos 52 pessoas foram assassinadas em 46 horas, mais de uma por hora. A média diária na região metropolitana de Salvador é de cinco casos.

A população sofreu com transtornos: ônibus deixaram de circular, lojas fecharam e eventos foram cancelados.

O movimento também expôs mais uma vez a relação delicada entre a PM baiana e a gestão Jaques Wagner (PT). Foi a segunda greve da PM em pouco mais de dois anos.

Como na paralisação anterior, o líder foi o soldado Marco Prisco, agora vereador em Salvador pelo PSDB, eleito na esteira da visibilidade alcançada em 2012 e pré-candidato à Assembleia Legislativa.

Wagner, que apontou interesses "eleitorais" no movimento, negou que tenha cedido a pressões. "O que foi assinado hoje [ontem] é praticamente igual ao ofertado antes da greve", disse.

A PM reivindicava aumentos das gratificações, garantias de progressão de carreira e sanções mais brandas no novo código de ética da corporação, entre outros pontos.

O governo aceitou elevar gratificações e abrir nova discussão sobre código de ética e plano de carreira. Também disse que vai rever processos contra PMs da greve de 2012.

"Pensamos muito mais na sociedade, que paga nossos salários", afirmou o soldado Prisco, após cerca de mil policiais aprovarem o fim da greve em assembleia.

A greve deste ano foi marcada pela rapidez na ação do governo federal, que diz ter enviado cerca de 6.000 homens do Exército e da Força Nacional ao Estado.

Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o interino da Defesa, Juniti Saito, foram ontem a Salvador para planejar a ação das tropas, que deverão ficar no Estado até a situação se normalizar.

Wagner cobrou do STF (Supremo Tribunal Federal) uma "posição mais clara" sobre o direito de greve às Forças Armadas. "Existe sempre risco de prevalecer a desordem."

Antes do fim da greve, duas decisões judiciais determinavam o encerramento da paralisação, sob pena de multa caso de descumprimento.

Embora a Constituição proíba a sindicalização e a greve de militares, paralisações de PMs já ocorreram no Rio, Bahia e Ceará desde 2012.

No campo político, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que fez campanha ao lado de Prisco e é rival de Wagner, disse ter "torcido" pelo fim da greve.

Procurado para comentar a paralisação, o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB e pré-candidato à Presidência, não respondeu ontem.


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