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Em filme feito na favela, DG é assassinado por policiais
Dançarino atuou em curta rodado no Pavão-Pavãozinho em 2013
Em 'Made in Brazil', personagem feito pelo dançarino é morto na mesma rua em que seu corpo foi encontrado
Há quase um ano, o dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, atuou em um curta-metragem em que seu personagem, um morador da favela Pavão-Pavãozinho, é assassinado no alto do morro por policiais militares.
Anteontem à noite, DG foi achado morto com um tiro nas costas na mesma rua onde a cena foi rodada.
"Made in Brazil", dirigido e produzido por Wanderson Chan, 29, começa com cenas de um jogo de futebol nas areias de Copacabana, perto do Copacabana Palace.
Em seguida, DG é filmado subindo a rua onde fica a creche em que seu corpo foi encontrado, cumprimentando moradores e comerciantes.
Ao fim do curta, ele é abordado por dois policiais, que lhe apontam armas e o agridem. Um deles atira em DG, e seu corpo fica no chão.
Chan disse ter conhecido DG quando sua produtora foi convidada a enviar um curta-metragem para um festival em Nova York, no ano passado.
"Decidi que faria uma história contando nossos problemas sociais em paralelo com a euforia da Copa. Fui apresentado a DG. Ele tinha muita vida, era engraçado e muito querido pela favela. Decidi na hora que seria ele".
VÍTIMAS
Edilson da Silva Santos, 27, estava em casa, na ladeira Saint Roman, acesso ao Pavão-Pavãozinho, quando soube que o corpo do dançarino tinha sido encontrado. Amigo de DG, saiu para juntar-se aos manifestantes. Levou um tiro no rosto, não se sabe disparado por quem, e morreu.
Simoni Hilário, 43, mãe de criação de Santos, diz que ele tinha problemas mentais e vivia do salário mínimo que recebia como auxílio-doença.
"Quando descia o morro me falaram que o DG estava morto. Voltei para casa e o Edilson já não estava mais. Perdi dois filhos de criação no mesmo dia", disse ela, explicando que considerava os dois filhos "por afinidade".