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Governo do Acre acusa SP de preconceito contra haitianos

Tião Viana (PT) atribui críticas à migração de estrangeiros à 'higienização'

Declaração foi resposta à secretária de Justiça de SP, que chamou de 'irresponsável' a vinda do grupo sem aviso

FELIPE SOUZA JULIANA COISSI DE SÃO PAULO

Enquanto ao menos 300 haitianos comem apenas uma vez ao dia e dormem no chão no centro de São Paulo, os governos paulista e do Acre voltam a trocar farpas.

Ontem, por meio de redes sociais, o governador do Acre, Tião Viana (PT), chamou a "elite paulista" de "preconceituosa".

A avaliação é direcionada às declarações da secretária de Justiça do Estado de São Paulo, Eloisa Arruda, que criticou a vinda dos haitianos para São Paulo sem nenhum tipo de aviso.

À Folha a secretária do governo Alckmin (PSDB) chamou de "irresponsável" o procedimento do governo acriano de facilitar o deslocamento de 500 haitianos nas últimas duas semanas.

Na internet, Viana definiu as críticas como "preconceito racial" e parte de um processo de "higienização".

"Como é que a elite paulista quer obrigar o povo do Acre a prender imigrantes haitianos em nosso território, preconceito racial? Higienização?", escreveu o petista.

Segundo o governo do Acre, por volta de 20 mil haitianos chegaram ao Estado em busca de ajuda humanitária desde que o país foi devastado por um terremoto em 2010.

A secretária Eloisa Arruda afirmou que o governo paulista estuda entrar com uma ação na Justiça contra o Acre.

"Desde o feriado [de Páscoa], houve um fluxo de 500 pessoas ao mesmo tempo, sem avisar, para São Paulo."

"Esse número é o de pessoas que passaram pela Missão de Paz, mas ainda não sabemos quantos [haitianos] ainda podem estar espalhados pela cidade", disse.

De acordo com ela, "haitianos disseram que saíram em aviões da FAB de Brasileia (AC) para Porto Velho (RO), onde receberam passagens de ônibus para seguir para São Paulo e outros Estados".

Na Argentina, o prefeito Fernando Haddad (PT) disse ontem que não existe nenhuma "animosidade" com o governo acriano.

O Ministério do Trabalho de São Paulo trabalha com a hipótese de que um grupo de haitianos já tenha sido aliciado para trabalho escravo.

A Polícia Federal investiga casos na região do Glicério e empresas que teriam contratado imigrantes ainda no Acre.

UMA REFEIÇÃO

Na noite de ontem, um grupo de ao menos 300 haitianos se preparava para dormir na Pastoral do Migrante, na região central da capital.

Como havia poucos colchões no local, a maioria dos imigrantes precisou improvisar cobertores e roupas no chão de um salão para passar a noite, com previsão para temperaturas de 16ºC.

Durante o dia, eles também passaram dificuldade. Com falta de comida, a pastoral conseguia oferecer apenas uma refeição por dia aos estrangeiros desde a chegada do grupo.

Ontem à noite, o padre Paolo Parise afirmou à Folha que, a partir de hoje, haverá duas refeições por dia graças a doações recebidas.

"Agora, o que a gente mais precisa é de carne, cobertores e materiais de higiene pessoal", afirmou o padre.

As doações podem ser entregues durante todo o dia na rua do Glicério, 225, centro.

O haitiano Dynn Achesson Saintilus, 25, que mora há dois anos e meio no Brasil, levou três dos novos imigrantes para morar na casa dele.

"Eles só querem trabalhar. Assim como eu, receberam uma notícia de que a situação estava melhor aqui e resolveram arriscar", afirmou.

FORÇA-TAREFA

Hoje, o Ministério do Trabalho fará uma força-tarefa para emitir carteiras de trabalho para os haitianos.

A previsão é que 45 documentos sejam entregues até o fim do dia. O superintendente da pasta, Luiz Antônio Medeiros, afirmou que a intenção é que todos estejam legalizados até segunda-feira.

"Precisamos evitar o trabalho precário que algumas empresas ofereceram a eles."


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