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Acre manda mais haitianos a São Paulo

Entre quinta e ontem, 176 imigrantes saíram rumo à capital paulista, segundo o governo acriano; mais 44 viajam hoje

Recém-chegados relatam que essa foi a única opção de destino oferecida aos que aceitaram viajar

EDUARDO GERAQUE CÉSAR ROSATI DE SÃO PAULO

Apesar da polêmica, o governo do Acre continua enviando imigrantes haitianos para São Paulo. As passagens, segundo a administração acriana, estão sendo pagas pelo Ministério de Desenvolvimento Social.

Entre quinta-feira e ontem, 176 imigrantes saíram do Acre rumo a São Paulo, segundo o governo daquele Estado.

É quase três vezes mais do que a quantidade de haitianos que a capital paulista recebeu por mês nos últimos três anos. Desde 2011, 2.000 chegaram a São Paulo.

No último mês, 500 chegaram à cidade vindos do Acre.

Para hoje, estava prevista a saída de um grupo com mais 44 pessoas.

A chegada de mais haitianos ao centro de São Paulo deve aumentar a troca de farpas entre os dirigentes petistas do Acre e a administração tucana de São Paulo.

O governador Tião Viana (PT) chegou a dizer que a "elite paulistana" é "higienista" por não querer que o Acre envie haitianos para o Sudeste.

Antes disso, a secretária de Justiça do governo Alckmin (PSDB), Eloisa Arruda, havia chamado de "irresponsável" a ação de enviar imigrantes sem aviso prévio.

Segundo Eloisa, São Paulo vai continuar a acolher todos os haitianos que chegarem, mas ela quer ser avisada antes --o que até ontem não havia ocorrido.

"Um deslocamento humano desse tamanho precisa ser comunicado. Gostaria que o governo do Acre nos avisasse se isso pode ocorrer novamente, nós não sabemos", disse Eloisa ontem, sem saber que uma nova leva de pessoas está a caminho.

CAMINHO ÚNICO

Os haitianos que chegaram do Acre neste mês relatam que os que aceitaram viajar não tiveram outra opção de destino a não ser a capital paulista.

De acordo com Alis Lusnret, 29, um funcionário do governo acriano convenceu um grupo de haitianos a viajar.

"O governo pagou tudo. Fomos para Porto Velho de avião e lá compramos a passagem para São Paulo. Não tinha outra opção", afirma o haitiano que está há um mês no Brasil.

Lusnret afirma que o principal argumento para convencê-los a fazer a viagem era de que em São Paulo seria mais fácil conseguir emprego.

"Estamos aqui em busca de trabalho. Lá falaram que não tinha, então viemos para cá."

Djems Modestim, 21, e Frandy Joseph, 29, passaram pela mesma situação. "Não tinha opção. Vim para cá, mas eu quero mesmo é ir para Santa Catarina", diz Modestim.

Ontem o governo de São Paulo anunciou medidas emergenciais para amenizar a situação dos 170 haitianos que continuam dormindo na igreja no Glicério, no centro.

Eles ganharam colchões doados pela prefeitura. Cerca de 90 pessoas já receberam carteira de trabalho.

O restaurante popular Bom Prato vai servir até 200 refeições aos haitianos que forem ao local. Quem quiser, poderá participar de um curso de panificação, na quarta-feira.

Segundo o governo de São Paulo, os imigrantes cor- rem o risco de ser aliciados para trabalho escravo ou pelo tráfico de drogas.


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