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Rosely Sayão

Educação alimentar

Ensinar uma criança a comer bem dá trabalho, é uma tarefa educativa árdua, mas gostosa

Há vestimentas femininas de todos os tamanhos, por isso qualquer mulher consegue comprar roupas adequadas a seu corpo. Entretanto, o sonho de um grande número de mulheres jovens --e nem tão jovens assim-- é vestir roupas de número 38.

As confecções e as lojas sabem disso. Por várias vezes entro em lojas para ver uma blusa ou um vestido exibidos na vitrine e que considero de meu gosto e estilo. Ao ir até a arara em que ficam penduradas as roupas, só encontro as de número 38. As outras estão, em geral, no estoque, bem longe dos olhos de todos.

Nunca vi tanto sucesso de revistas, blogs e sites que se dedicam a comentar dietas, dar receitas com poucas calorias e informar como pessoas famosas perderam peso, por exemplo. O mesmo acontece com alimentos industrializados que usam adjetivos do tipo light ou diet. E as crianças que acompanham suas mães quando elas fazem compras em supermercados já sabem que esses são os produtos buscados por elas. O pior é que elas pensam que é porque são mais saudáveis.

E a vida de uma quantidade enorme de mulheres segue assim: tentando emagrecer, programando dietas e exercícios físicos, assistindo a programas que se dedicam a comentar tais assuntos. E poucas alcançam o objetivo porque --cá entre nós-- é difícil praticar a autorregulação e manter a disciplina, não é?

Ainda mais porque, ao mesmo tempo em que há essa pressão a respeito da aparência magra, há também a proliferação da diversidade de alimentos industrializados, de revistas sobre comidas, de restaurantes, etc. Como resistir às tentações?

Enquanto isso, nossas crianças engordam. Li várias reportagens a esse respeito, publicadas com frequência em todas as mídias. As informações apresentadas são preocupantes e até assustadoras. Por exemplo: essa geração de crianças será a primeira a viver menos que seus pais, se o quadro atual não mudar; a obesidade e o sobrepeso afetam quase 40% das crianças brasileiras. Os motivos apresentados para explicar tais fatos são sempre os mesmos: alimentação inadequada e vida sedentária.

Não sou fã de pesquisas e estatísticas, mas tenho de reconhecer que o quadro apresentado não é diferente da realidade: basta visitar uma escola com o olhar atento que veremos muitas crianças com sobrepeso e comendo lanche --trazido de casa ou ofertado pela escola, tanto faz-- preparado com total descuido. Salgadinhos em saquinhos, biscoitos, pizzas com quantidades enorme de queijo, salgados fritos ou assados, gordurosos em excesso, sucos artificiais, refrigerantes e alimentos similares é o que mais vemos.

Ensinar uma criança a se alimentar bem, fazer com que ela aprenda a reconhecer sua saciedade, mostrar que podemos --sim!-- comer porcarias gostosas de vez em quando e não cotidianamente, dá trabalho. É uma tarefa educativa árdua, mas gostosa.

Do mesmo modo, imprimir na vida das crianças mais movimento corporal em tempos em que somos generosos em lhes dar aparelhos eletrônicos tem sido bem difícil! Essas traquitanas deixam as crianças entretidas e, durante esse tempo, elas não dão trabalho e não incomodam tanto, não é?

Precisamos decidir se vamos, de fato, cuidar bem de nossas crianças. E, se assim decidirmos, que a ideia se transforme em prática. Para tanto precisamos ter coragem, paciência, perseverança e disponibilidade pessoal.


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