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Rosely Sayão

Ensino superior e sociedade

Cursos tradicionais pouco têm mudado para permitir que os novos profissionais entendam o mundo atual

O mundo poderia ser melhor e mais tranquilo, e a vida mais compreensível, se as universidades, em vez de olharem para o mercado de trabalho para identificar suas demandas, olhassem para a sociedade para identificar o que ela mais precisa. Creio que, assim, o mundo poderia avançar.

Hoje, a formação acadêmica segue a seguinte lógica: as faculdades oferecem cursos tradicionais, nossos velhos conhecidos, que pouco têm mudado para permitir que os novos profissionais entendam melhor o mundo atual e possam nele intervir de modo inovador.

Quando cursos são criados, isso acontece em função exclusivamente da economia, ou seja, da abertura de novas chances no mercado e das possibilidades de profissões rentáveis em nosso contexto. A economia tem funcionado como um eixo importante para as faculdades e também para os jovens que as procuram. Melhor dizendo, para o mundo.

Mas e nossa vida em sociedade, tão plena de agruras, dissabores e incompreensões, não mereceria o mesmo olhar atencioso? Afinal, sem uma vida boa e digna em sociedade, de pouco adianta a economia ir muito bem. Já temos sentido isso na pele.

E quais cursos de que estamos precisando muito poderíamos oferecer na atualidade? Que tal podermos contar, por exemplo, com um curso de diplomacia familiar? O relacionamento familiar tem demandado especialistas em diplomacia, porque os conflitos já não são os mesmos de antes, tampouco as famílias.

Noras e filhas, para citar um exemplo, têm estranhado suas mães e sogras em relação aos cuidados com os seus filhos. Acredita, caro leitor, que há mães que deixam seus filhos pequenos com sua própria mãe ou sogra e monitoram por câmera o que acontece? E que há jovens mães que ficam escandalizadas quando a sogra ou a mãe as aconselham, tomam determinadas atitudes com o neto, criticam a maneira como o neto tem sido criado?

E os pais, já velhos, que não aceitam sair do palco e ceder a vez para que seus filhos brilhem? E os filhos às voltas com um fim de vida difícil de seus pais? E o relacionamento entre irmãos, competitivo e/ou possessivo mais do que enciumado?

Essas questões e outras criam incidentes diplomáticos dos mais complexos para o grupo familiar. Precisamos ou não de especialistas em relações diplomáticas familiares?

Poderíamos ter, também, profissionais formados para colaborar com a formação dos nossos jovens que, tão plurais e diferentes entre si, precisam de ajuda. Eles precisam aprender a criar resiliência na vida pessoal e na profissional e a encontrar seu foco na vida. Precisam também perceber que, para se comunicar, é preciso reconhecer que hoje há múltiplos ambientes e que cada um deles exige um tipo específico de comunicação.

Precisam de ajuda também para entender que a complexidade das escolhas reside nas renúncias, o que é difícil aceitar num mundo que insiste em dizer que não devemos renunciar a nada. Além disso, eles precisam entender que, queiram ou não, sempre fazem política, e que ser ético e justo é uma escolha. Essas questões nos mostram que precisamos de um curso de assistente de jovens, ou coisa semelhante.

É claro que diferentes profissionais podem realizar essas funções, mas o ideal seria não termos de recorrer a um batalhão de profissionais para conseguirmos ajuda em questões que pertencem ao mesmo campo. Que venham, portanto, as universidades com novos cursos!


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