Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Pequenas Chinatowns se espalham pelo Nordeste

Comércio chinês busca mercado onde houve aumento de renda

Presença de orientais é notada nos letreiros em mandarim e em restaurantes típicos em cidades como Teresina

DE SÃO PAULO
DOS ENVIADOS A FEIRA DE SANTANA, TERESINA E SÃO LUÍS

De forma discreta, imigrantes chineses estão se instalando em cidades do Nordeste e formando pequenas Chinatowns -regiões nas quais eles dominam o comércio popular de importados.

A presença cada vez maior de chineses pode ser notada pelos letreiros em mandarim e pela proliferação de pastelarias e restaurantes de comida oriental em cidades como Teresina (PI), São Luís (MA) e Feira de Santana (BA).

Muitos não querem chamar a atenção, temendo fiscalização da Receita ou do Ministério do Trabalho.

Os chineses que falaram com a Folha contaram que foram para o Nordeste em busca de mercados criados com o aumento da renda na região e para fugir da concorrência de compatriotas em capitais como São Paulo.

Foi o que disse Yu Shi Chi, 59, líder dos chineses de Feira de Santana (103 km de Salvador) e dono de um dos quatro restaurantes de comida típica abertos desde 2007.

"Aqui é uma cidade pequena que tem tudo. É bom para quem quer crescer rápido, porque o comércio é forte", diz Yu, que adotou o nome Roberto em homenagem ao cantor Roberto Carlos.

Não há números precisos de chineses na cidade, mas Yu estima que sejam algumas centenas. Segundo ele, são jovens comerciantes que vão prosperando nos negócios e trazendo suas famílias.

O camelódromo da cidade mantém o apelido de "Feiraguai", em referência ao Paraguai, de onde os sacoleiros traziam artigos para vender.

Hoje, a língua predominante entre os comerciantes é o mandarim. Quase tudo que se vende ali -de lâmpadas a celulares- vem da China, e não mais do vizinho.

O diretor-presidente da Associação Chinesa da Bahia, Lau Ping Luen, diz que há cerca de mil chineses no Estado e que eles chegaram em duas ondas recentes.

Neste ano, em Salvador, mais de 300 participaram dos festejos do Ano Novo chinês, comemorado pela primeira vez com festa na Bahia.

Em Teresina, um comerciante de 32 anos que se identificou apenas como Ming disse ter chegado à cidade há dois anos, vindo do Rio, onde morou por sete anos. Ele afirma ter saído de lá por causa da violência e da concorrência com outros chineses.

Apesar de ganhar menos agora, diz que a mudança compensou. "Aqui o comércio vai bem. As pessoas estão com dinheiro", afirma.

Em São Luís, a primeira leva de chineses chegou há três anos. "É assustadora a quantidade de chineses aportando", diz o presidente da Associação Comercial do MA, Haroldo Cavalcanti Jr.

(SÍLVIA FREIRE, GRACILIANO ROCHA, MATHEUS MAGENTA e AGUIRRE TALENTO)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.