Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Vista Paulistana

Ao contrário de outras metrópoles, São Paulo carece de mirantes e lugares onde visitantes possam conferir, lá do alto, sua grandeza

VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO

São Paulo não faz questão de ser vista de cima. Falta beleza, falta autoestima, falta costume, especulam moradores, turistas e especialistas sobre a escassez de mirantes na maior cidade do país.

Quem mora ou visita São Paulo -foram cerca de 12 milhões de turistas em 2011- e quer vê-la do topo, busca as mesas de restaurantes como o Terraço Itália (centro), o Skye (Jardim Paulistano) e o The View (Jardim Paulista).

Mirante oficial não há. Visitas regulares (e gratuitas!), só no terraço do edifício Martinelli (centro) e no Altino Arantes (mais conhecido como prédio do Banespa), ao lado.

Ambos têm visual de 360º da região central, que se estende por vários quilômetros e chega, por exemplo, até a serra da Cantareira, na zona norte paulistana.

Vale lembrar que a bela vista não está disponível à noite. Os horários são bem restritos. E, no fim de semana, só de manhã, no Martinelli.

Outra vista possível, mas após cerca de três horas de caminhada, é a da Pedra Grande, no parque da Cantareira, na zona norte.

AUTOESTIMA EM BAIXA

Enquanto isso, cidades tão distintas quanto Curitiba, Rio, Santiago, Nova York, Copenhague e Paris têm mirantes bem equipados (embora pagos), abertos nos fins de semana. Funcionam como grandes atrações turísticas.

Não por acaso, a atração mais visitada do mundo é um mirante: a Torre Eiffel. Todos os anos, pelo menos 7 milhões de visitantes se encantam com a vista da cidade.

Para Fernando Serapião, arquiteto e editor da revista "Monolito", a ausência de mirantes em São Paulo tem a ver com a falta de autoestima da cidade. Segundo ele, embora não tenhamos tantos edifícios para chamar pelo nome e serem identificados no meio da paisagem, como Nova York tem o Crysler Building, por exemplo, "aqui temos essa coisa impressionante da metrópole".

O Terraço Itália é o lugar favorito de Serapião para ver a cidade do alto. Para o chef Jean Cristophe, 36, é o que lhe vêm à mente.

"Foi o único que eu descobri", diz Cristophe, que nasceu na França. Para ele, que já esteve em mirantes ao redor do mundo, como a torre Eiffel e o London Eye (roda gigante em Londres), a falta de mirantes paulistanos é uma questão de "costume".

Habitué do restaurante The View, o arquiteto Sérgio de Oliveira, 63, acha que a vista é um privilégio da elite paulistana e de suas coberturas milionárias. "Em todo lugar que você vai no exterior tem um mirante. São Paulo não tira partido disso."

Oliveira sugere: "Nesses prédios na região da Paulista, em que o terraço é livre, seria ótimo se deixassem visitar, cobrando entrada".

Thiago Costa Pinto, 31, investidor, diz que foi algumas vezes ao restaurante Skye. Achou a vista diferente, não necessariamente bonita.

"O visual é legal, mas tem muito prédio em volta, só dá para ver um pouco o Ibirapuera", diz, embora admita que voltou ao lugar pela vista.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.