Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Estado deve bancar apenas curso estratégico, afirma ex-ministro

Para Cristovam Buarque, aluno poderia pagar por vaga em universidades públicas, como a USP

Proposta de cobrança de mensalidade é criticada por docentes, para quem a medida fere direito à educação

ANA KREPP DE SÃO PAULO

A possibilidade de cobrança de mensalidade de estudantes da USP com situação econômica favorável divide especialistas e pesquisadores ouvidos pela Folha.

Reportagem publicada ontem (2/6) mostrou que 6 de cada 10 alunos da graduação têm renda familiar suficiente para bancar, total ou parcialmente, a universidade.

O cálculo considera os critérios do Prouni (programa de bolsas em instituições privadas). Pela ação do governo federal, não têm direito a bolsas estudantes com ganho familiar superior a dez salários mínimos (R$ 7.240).

Ex-ministro da Educação, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defende que o governo deve custear cursos de interesse do Estado. Nos outros casos, afirma, o aluno pode ser cobrado --mesmo em universidades públicas.

"O país precisa de físicos, isso é interesse público. Ao mesmo tempo, já tem economistas demais, então essa carreira não será de interesse público por algum tempo", exemplifica Buarque.

Ciro Correia, presidente da Adusp (associação de professores da USP), afirma ser totalmente contrário à cobrança no ensino público.

Segundo ele, o direito à educação deve ser garantido pelo Estado por meio da arrecadação de impostos.

"Se tem muita gente que pode pagar e uma carência de ensino de qualidade, é preciso resolver esse problema com justiça tributária para que o Estado se responsabilize pelos direitos dos cidadãos", diz Correia.

O professor de filosofia da USP José Arthur Giannotti também é contra a proposta.

"Não é possível que as universidades públicas deixem de ser públicas. Lugar onde as pessoas entrem sem diferenças de renda, classe, sexo. Os mais ricos podem pagar outros impostos", afirma.

ALTERNATIVAS

Para Buarque, é uma questão de estratégia garantir formação nas áreas onde há déficit de profissionais no país.

"O Brasil precisa de 400 mil professores de ensino médio. Como a gente vai obrigar um jovem que quer fazer matemática a pagar universidade? Ele tem que estudar de graça, seja em universidade pública ou privada", diz.

Também professora da USP, a geneticista Mayana Zatz acredita que uma alternativa para a reestruturação econômica da universidade seria cobrar mensalidade apenas de alunos provenientes de escolas privadas.

"Jovens que estudaram em escolas públicas deveriam entrar facilmente em universidades públicas, mas a realidade é que são os alunos de escolas particulares que acabam entrando na USP."

Mayana afirma ainda ter outras propostas, que foram enviadas por e-mail ao reitor Marco Antônio Zago, para otimizar as contas da USP.

Entre elas está a cobrança do estacionamento dentro da universidade. "Os alunos que vêm de carro pagam estacionamento no shopping, na rua. Por que não pagam aqui?", questiona.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página