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Com medo, paulistano troca torneira por galão de água

Apesar de Sabesp garantir qualidade, morador desconfia de cor e cheiro

Após crise hídrica, vendedora que ganha R$ 900 por mês passou a gastar R$ 70 para comprar água mineral

ARTUR RODRIGUES EDUARDO GERAQUE DE SÃO PAULO

Moradora da Vila Guilherme, na zona norte de São Paulo, a artesã Magda da Silva, 63, aposentou o filtro de barro que usava havia mais de 40 anos. "Tem aquele volume morto, né? Aquela água que fica no fundo da represa, com cheiro de fossa", diz.

"Antes, lavando o quintal, eu até bebia água da torneira. Agora, nem para o meu cachorro eu dou", diz ela, que gastou R$ 400 em um purificador de água superpotente.

Um mês após o governo Geraldo Alckmin (PSDB) anunciar o uso do chamado volume morto do sistema Cantareira para conter o risco de racionamento, é comum a desconfiança sobre a água que sai da torneira --apesar de a Sabesp garantir a qualidade.

O volume morto é formado pela água que fica no nível mais profundo dos reservatórios. Por estar abaixo da tubulação que capta o líquido, ela precisa ser bombeada para a superfície.

O termo "morto" contribui para a má impressão. Mas a maioria das queixas é ao cheiro de cloro e à cor esbranquiçada da água, que começaram antes do uso da reserva.

Na casa do professor Vitor Hugo Pereira, 53, na Vila Guilherme, a água chega branca feito leite. "Começamos a cozinhar com água mineral porque a da torneira dava gosto na comida e azia, chegaram até a vomitar", diz.

A Sabesp afirma que a coloração se deve a um fenômeno relacionado ao cloro (leia texto na pág. C2).

A explicação não convence o comerciante Ademir Bueno, 54. "Estão usando água mineral para tudo. A da Sabesp, só para lavar roupa", conta, mostrando um copo de água marrom recém-tirada da sua torneira.

Na Brasilândia (zona norte), o telefone dos depósitos de água também tem tocado mais. "Tem mais gente comprando galões pela primeira vez", diz Juscelino Santos, 32.

No seu estabelecimento, o galão de 20 litros custa R$ 25 na primeira compra e R$ 9 se o cliente já tem o vasilhame.

O novo hábito afeta o bolso de gente como Ângela da Silva, 44, que trabalha vendendo Yakult em um carrinho no bairro. Para comprar dois galões por semana, ela acaba gastando R$ 70 dos R$ 900 que ganha todo mês.

Alérgica a cloro, a aposentada Eliana Sabó, 64, moradora da Consolação, reclama. "Atacou o meu estômago. Acho que estão aumentando os bactericidas."

A dona de casa Lucicleide Santos, 28, da Freguesia do Ó (zona norte), proibiu o filho de beber água na torneira.

"Ele teve diarreia, ânsia de vômito. Depois que começamos a comprar água, parou."


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