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Folha Verão

...enquanto isso, em São Paulo

Quem não viaja aproveita uma cidade diferente, sem filas nos restaurantes, ruas tranquilas e com o trânsito tão sonhado pelos paulistanos

Daniel Marenco/Folhapress
Com o viaduto Santa Ifigênia vazio, grupo passeia pela cidade
Com o viaduto Santa Ifigênia vazio, grupo passeia pela cidade

GIBA BERGAMIM JR.
VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO

Às 8h, o congestionamento é zero na cidade. Dentro dos vagões do metrô alguns poucos gatos pingados. No cinema, tranquilamente cinéfilos compram suas entradas. Em restaurantes, nada de espera por mesa.

Essa é a São Paulo dos sonhos para quem gosta de tranquilidade. Ela existe, pelo menos nessa época do ano. Quem aproveita são os paulistanos que abrem mão de pular sete ondas nas praias do litoral ou estourar o espumante no campo.

A cidade do trânsito caótico fica tão mais tranquila que há reflexos na criminalidade -furtos e roubos de carro diminuem durante dezembro e janeiro na cidade.

Essa "calmaria" dá um charme especial, segundo o advogado Carlos Sanseverino, 50, da comissão de Meio Ambiente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

"É como se você enxergasse uma cidade que não vê no resto do ano. Como curtir São Paulo tendo que aguentar uma hora e meia no trânsito?", diz ele, que vai reunir amigos para comemorar o Ano-Novo em casa, no Alto de Pinheiros (zona oeste).

Até lá, Sanseverino pretende caminhar pelo centro da cidade e rever a "rara" avenida Paulista sem trânsito. "Também vou aproveitar para curtir o meu filho, que está com dez dias", conta.

E na "rara" Paulista, ontem, quem ficou na cidade aproveitava para curtir um filminho sem ter de se preocupar se conseguiria ingresso.

Mônica Castro, 52, saiu de Brasília para passar o Natal com a irmã e foi ao cinema Reserva Cultural para assistir "Adeus, Primeiro Amor".

"Todo ano passo o Natal aqui. Nessa época a cidade é uma maravilha. Shopping, cinema, restaurantes vazios. Menos a 25 de Março, que está sempre cheia", diz Mônica.

Também no cinema, Eliane Serafini, 43, coordenadora pedagógica, incentivava pelo telefone o marido a juntar-se a ela em uma sessão de fim de tarde.

"Tá tranquila a Paulista. Você vai chegar rapidinho", dizia. Ela mora no Tatuapé (zona leste) e chegou à Paulista de metrô. "Preferi, porque está muito vazio."

Há quem escolha passar o Ano-Novo com parentes e se hospede em hotel.

Neste ano, com o programa São Paulo Best Week, que dá descontos em hotéis, restaurantes e passeios, vieram mais pessoas que no ano passado, ao menos no hotel Transamérica da rua Bela Cintra, afirma Eliana Jubert Rocha, gerente do estabelecimento.

"Fizemos 20 reservas para pessoas que vão cear no nosso restaurante na virada", diz a gerente. A taxa de ocupação cresceu de 39% em dezembro do ano passado para cerca de 50% agora.

E tem gente que escolhe São Paulo exclusivamente para curtir a cidade vazia.

"Eu só vim para cá porque é final de ano", afirma o cirugião Rodrigo Autran, 35, que mora em Natal.

Segundo ele, essa época é melhor para dirigir nas vias da cidade. "De que adianta estar num bom restaurante, com um ótimo serviço, sem lugar para sentar?"

VAZIA E 'DEPRÊ'

O sossego da cidade vazia, no entanto, não agrada a todos. Há quem veja elegância somente na São Paulo caótica do resto do ano.

"Quem nasceu e vive em São Paulo, como eu, gosta mesmo é da cidade movimentada, caótica mesmo. A cidade vazia fica muito 'deprê'", diz o cabeleireiro Marco Antonio Di Biaggi.

Ele optou pelo burburinho de Copacabana, no Rio.

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