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Fuad Kassab (1925-2014)
Médico poliglota da Vila Prudente
ANDRESSA TAFFAREL DE SÃO PAULOPara decidir onde abrir o primeiro consultório, o casal de médicos Fuad e Nádima usou uma estratégia peculiar: foi a um ponto de ônibus, embarcou no primeiro coletivo que passou e desceu no final da linha. Era lá que iria se instalar.
O destino escolhido ao acaso foi a Vila Prudente, na zona leste de São Paulo, onde Fuad trabalhou por quase meio século. Cuidou de pais, filhos e netos, criando fortes vínculos com os moradores.
Viveu no bairro por dez anos e só não ficou mais tempo porque "não o deixavam dormir", dizia. A toda hora, alguém batia na porta da casa à procura de atendimento.
O consultório, no entanto, permaneceu, e hoje está sob os cuidados dos descendentes que também são médicos.
Fuad era reconhecido por diagnosticar até os casos mais difíceis sem o auxílio de exames, raros há décadas.
Filho de libanês, começou a trabalhar aos sete anos após o pai perder tudo com a quebra da Bolsa em 1929. Carregava pacotes numa tipografia.
Entrou em medicina na UFPR (Federal do Paraná), onde conheceu Nádima, mas, no segundo ano de curso, conseguiu ser transferido para a USP. O anel de formatura foi feito com o ouro das obturações da mãe, já que os pais passavam por dificuldades.
Os descendentes de russos e lituanos que vivem na Vila Prudente lhe ensinaram o básico das duas línguas, mas Fuad também falava fluentemente árabe, espanhol, italiano, francês, inglês e alemão, além do português.
Viúvo havia 11 anos, morreu no dia 3, aos 88, de insuficiência cardíaca. Teve oito filhos, 15 netos e três bisnetos.
