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Foco

'Vagão rosa' em trens e metrô divide feministas

Projeto aprovado na Assembleia de São Paulo ainda está em análise pelo governador

LEANDRO MACHADO DE SÃO PAULO

Grupos feministas de São Paulo estão divididos sobre o "vagão rosa", que é exclusivo para mulheres no metrô e nos trens da CPTM.

Criada pelo deputado Jorge Caruso (PMDB), a medida foi aprovada na Assembleia no dia 4 para proteger as mulheres de abusos sexuais no transporte superlotado.

O governo afirma estar estudando o projeto, que deve ser vetado ou aprovado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) nos próximos dias.

A estudante Giulia Ribeiro, 18, do grupo Tática Feminista, se diz totalmente contra o vagão, pois ele "aumenta a segregação entre os gêneros".

"E os estupradores podem fazer suas viagens livremente sem serem culpabilizados", completa.

Militante da Marcha Mundial das Mulheres, Sonia Coelho, 55, também reprova.

"Ele reforça o imaginário de que a mulher é culpada pela violência que sofre. Quem for agredida em outro vagão, que não o exclusivo, pode ser questionada sobre o motivo de não estar na parte das mulheres."

Já a estudante da USP Letícia Pinho, 26, do Mulheres em Luta, diz que o vagão não resolve o problema do assédio, mas seria uma medida protetiva importante --o coletivo já distribuiu, em estações da Grande São Paulo, alfinetes para mulheres se defenderem dos "encoxadores".

"A superlotação deixa a mulher mais vulnerável. Já que o transporte de qualidade está demorando, a gente precisa do mínimo de segurança urgentemente", diz.

O Juntas, grupo feminista ligado ao PSOL, se posicionou a favor da medida.

"Sou a favor porque tenho a impressão de que a população é favorável. Acho que falta ao movimento feminista ouvir mais as mulheres que enfrentam o transporte lotado todos os dias", argumenta Giulia Tadini, 24, militante do movimento.

Pesquisa do Datafolha feita em abril apontou que 73% dos paulistanos se revelaram favoráveis ao "vagão rosa".

A vendedora Carolina do Nascimento, 19, aprova. "Seria ótimo. Já briguei com um rapaz que me apertou", diz ela, que usa trem e metrô nos horários de pico.

Um protesto contra o "vagão rosa" está programado para o próximo dia 18, na praça da Sé. Cerca de mil pessoas já confirmaram presença na rede social Facebook.

RIO

O vagão para mulheres existe no Distrito Federal desde 2013 e no Rio, desde 2006.

No Rio, uma lei estadual obriga as concessionárias a destinarem vagões femininos nos horários de pico. A lei não determina, porém, punição em caso de descumprimento.

Segundo a concessionária MetrôRio, o passageiro identificado é convidado pelos seguranças a se retirar.

Tanto a MetrôRio quanto a SuperVia, que administra os trens urbanos do Rio, investem em campanhas de conscientização.

Os esforços, contudo, não impedem que homens descumpram a medida. De acordo com relatório da Agetransp, a agência reguladora dos transportes do Estado, em cerca de 200 vistorias feitas em janeiro nos vagões femininos no metrô, foi registrada a presença masculina em 3,05% das vezes.

Já nos trens da SuperVia, a situação é pior. Dos 1.612 vagões inspecionados em janeiro, havia homens em pelo menos 50% dos casos. O ramal de Japeri, cidade da Baixada Fluminense, registrou o maior percentual: em quase 80% das inspeções havia homens nos vagões exclusivos.


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