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FOLHA VERÃO

Blitz da lei seca faz cerco a barco e jet ski

Cerca de 40 militares, com três botes e duas lanchas, patrulham o litoral paulista atrás de condutores embriagados

Neste verão, Marinha ainda não conseguiu flagrar circulando no mar ninguém que tenha bebido além da conta

TALITA BEDINELLI
ADRIANO VIZONI
ENVIADOS ESPECIAIS AO LITORAL DE SP

O suboficial da Marinha avista um jovem pilotando um jet ski. Ele acelera o bote motorizado que pilota e, em alta velocidade, se aproxima.

Outro marinheiro levanta o braço e pede para o condutor do jet ski parar. Assustado, o jovem encosta no barco da Marinha e é solicitado a fazer o teste do bafômetro.

A cena ocorrida ontem no canal entre Ilhabela e São Sebastião, no lioral norte paulista, vem sendo repetida em boa parte do país desde o dia 17, em razão da Operação Verão, realizada pela Marinha.

O objetivo do órgão é fazer um pente-fino nas águas do litoral para localizar condutores de embarcações sem documentos ou que consumiram bebidas alcoólicas.

Como na terra, a tolerância é baixa: 0,3 mg de álcool por litro de ar expelido -ou duas latas de cerveja. Apesar do mesmo índice, a "Lei Seca do mar" tem norma própria desde o final de 2008.

Quem é flagrado acima do limite tem a arrais, a carteira de habilitação marítima, suspensa por 120 dias. Em caso de reincidência, a pessoa perde o documento.

Em todos os casos, a embarcação é levada até uma marina e o flagrado pode responder a processo criminal.

Desde 2009, a Marinha passou a usar bafômetro para aferir se há beberrões por trás da condução dos barcos, conta Eron Duarte Souza, suboficial encarregado da Divisão de Segurança do Tráfego Aquaviário da Capitania dos Portos de São Sebastião.

ABRANGÊNCIA

A área da Capitania compreende cerca de 200 km de praias e 44 municípios do Vale do Paraíba e do litoral norte paulista. A fiscalização é feita por 40 militares, com três botes e duas lanchas.

Durante a Operação Verão, que acaba em 15 de março, eles fazem blitze diariamente. Desde o dia 17, um jet ski foi apreendido porque o condutor estava sem habilitação.

Na operação do verão passado, a ação fiscalizou 444 embarcações, notificou 193 e apreendeu quatro. Ninguém dirigia alcoolizado.

O problema é que, quando o barco da Marinha aparece, parte das embarcações, principalmente jet skis, muda a rota ou estaciona, o que dificulta a detecção de problemas. "É um jogo de gato e rato", conta Souza.

A Folha acompanhou este "jogo" por duas horas. Sete embarcações foram abordadas -uma lancha foi notificado por excesso de passageiros e dois jet skis, por problemas na documentação.

A multa varia de R$ 40 a R$ 3.200, de acordo com a gravidade da infração, e o condutor pode perder a licença.

"Tem muita galera que mistura as coisas, bebe e vem dirigir no mar. Não tem noção de que é tão perigoso quanto na estrada", diz Bruno Sapia, 20, o estudante que dirigia o jet ski. No teste do bafômetro, ele foi aprovado.

Na área da Capitania, existem 23 mil embarcações, sendo 15 mil de esporte e recreio -destas, 2.796 são jet skis.

Desde 2001, a Folha noticiou nove acidentes com jet skis no país, com nove mortes. Num caso havia suspeita de uso de álcool, mas o condutor recusou o bafômetro.

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