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Sem-teto inflam invasão em SP com barracas vazias

Barracas só servem para demarcar terreno

Apesar de MTST divulgar que 4.000 famílias ocupam área no Morumbi, maioria não fica no local de dia nem de noite

Estruturas de lona impressionam por fora, mas ficam vazias; coordenadora diz que famílias se revezam

CÉSAR ROSATI EMILIO SANT'ANNA DE SÃO PAULO

Por fora, o que se vê é um mar de barracas de lona cobrindo um terreno equivalente a oito campos de futebol. Dentro, o que não se vê é sinal de gente na maioria delas.

Nos 60 mil metros quadrados do Portal do Povo, área invadida no Morumbi (zona oeste), 4.000 famílias estão instaladas há quase um mês para reivindicar casa própria, segundo divulga a coordenação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).

A Folha esteve por dois dias seguidos no local, em horários diversos, e verificou que a maioria das barracas só serve para demarcar território --e tentar vaga futura no cadastro da casa própria.

O movimento era pequeno tanto de dia como à noite, semelhante ao de algumas invasões de sem-terra no interior do país anos atrás.

Com cerca de dois metros quadrados cada, as barracas estão fincadas na parte plana do terreno e também em uma encosta íngreme. Abertas nas laterais, a maioria tem os nomes dos "ocupantes" pintados com tinta branca.

Nas barracas, porém, não há espaço para a permanência de uma pessoa adulta ou mesmo de uma família. O que se vê dentro é apenas mato.

O comando do movimento alegou, após ser questionado, que as 4.000 famílias "ocupam" a área, mas que há um revezamento durante a noite.

"O fato de não dormirem 4.000 famílias lá não significa que não precisem de moradia. São pessoas que vivem no entorno em situação precária", disse Natalia Szermeta, coordenadora do MTST.

HORÁRIO DE TRABALHO

Na última quinta (17), na hora do almoço, um dos cinco setores em que a invasão é dividida não abrigava ninguém, apenas barracas vazias. Em outro, só havia gente --dez integrantes do grupo-- na cozinha comunitária.

Questionada, a ocupante Regina Célia Ribeiro, 40, dizia que os sem-teto estavam trabalhando naquele horário. Outros, afirmava, estariam em um ato na sede da construtora Even, dona da área --que conseguiu na Justiça a reintegração de posse. O ato, porém, segundo a Polícia Militar, reuniu só 130 pessoas.

Por volta das 19h, uma assembleia do MTST chegou a reunir cerca de 400 pessoas no Portal do Povo. Duas horas e meia depois, ele começou a ser esvaziado de novo.

Após assinar a lista de presença no final da assembleia, a maioria foi embora, formando fila no ponto de ônibus.

Às 21h30, próximo à entrada do terreno, era possível ver centenas de barracas --mas somente seis delas ocupadas.

O entra-e-sai comum em outras invasões de sem-teto não existia na madrugada e na manhã de sexta (18).

Às 6h, líderes diziam que a maioria já tinha ido trabalhar --mas só 20 pessoas e três carros tinham saído desde as 5h.


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