Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Sem aviso, pacientes são barrados no portão

'Ele vai morrer aqui no meu carro', gritou taxista que levava homem com AVC ao ver a entrada da Santa Casa fechada

Segurança liberou casos emergenciais; mãe de bebê de quatro meses com febre não teve a entrada autorizada

NATÁLIA CANCIAN MARLENE BERGAMO DE SÃO PAULO

"Abre o portão, pelo amor de Deus", gritou um taxista ao ver a entrada da Santa Casa trancada com correntes logo depois das 18h desta terça (22). "Tá fechado, tá fechado", respondeu um segurança.

"É um AVC. Ele vai morrer aqui no meu carro", insistiu o taxista, apontando para um homem no banco traseiro amparado por familiares. Após hesitar, um segurança deu um sinal e os portões foram abertos para o veículo.

Foi uma das poucas exceções presenciadas pela reportagem após o hospital suspender os atendimentos de urgência e emergência.

O segurança Alessandro Bispo disse: "A gente também é ser humano. Nunca vamos deixar de liberar em um caso mais grave". Uma grávida em trabalho de parto chegou a ser barrada inicialmente, mas acabou sendo atendida.

Muitos não conseguiram entrar. Ao ver a placa "Pronto Socorro fechado", o estudante Luiz Henrique Lima, 11, questionou: "Para onde as pessoas vão agora?"

"Tem que procurar outros pronto-socorros", respondeu o segurança. Luiz Henrique acompanhava a prima, a balconista Alice Silva, 22. Com olhos completamente vermelhos, ela reclamava de ardência e dificuldade de enxergar.

A operadora de telemarketing Rosana da Cruz, 44, saiu da Casa Verde (zona norte) com um bebê de quatro meses com febre. Foi barrada. O mesmo ocorreu com ao menos outras três mães nas duas horas após o fechamento.

Em meio à crise, pessoas reclamavam de falta de remédios. A pedido de uma médica, Ítalo Lourenço veio de Osasco trazer um medicamento ao filho de oito anos, internado por arritmia cardíaca.

Funcionários disseram que o atendimento no pronto-socorro continuava para quem chegou antes de 18h.

Foi ali que, horas depois, a Folha reencontrou os parentes do homem que estava no táxi. Sua irmã, a agente comunitária de saúde Secunda Andrade, 52, disse que ele foi bem atendido, mas deve continuar internado. "Ele estava quase morrendo, em convulsão", disse. "Não podemos deixar a Santa Casa fechar."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página